quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Considerações Finais

Fim de uma década, que começou com a maravilha de aprender a ler, e vai terminando com apenas mais uma noção do que é saber viver. 10 anos que fizeram um menininho se transformar em um menininho maior. No tamanho, apenas, e talvez em algumas poucas conclusões adquiridas pela experiência. Uma dezena de anos que ensinaram que família não é estar junto no jantar; que o certo não é fazer tudo o que a mamãe manda; que olhos também mentem; que feridas saram, mas cicatrizes sempre assombram; que você tem que ser homem pra assumir seus erros, pra não se envergonhar das suas vergonhas, pra enxugar suas lágrimas, pra trocar suas fraldas.
Fim de um ano, que começou com alguém voltando a andar, e termina com alguém tentando dar os mesmos passos do fim do ano passado. E, como no ano passado, e em todos os outros anos, vou dizer que foi o melhor ano da minha vida. Tive minhas decepções, e talvez a tristeza tenha tomado grande parte desses 365 dias, mas têm pelo menos uns 10 dias que valem por todos os outros agonizantes.
E amanhã, vai ser o fim de um dia, do último dia, que vai findar com mais uma sequência de histórias pra se contar, e vai iniciar o ano que vai terminar um ciclo, o qual eu estou tendo o orgulho de estar presenciando. E, pensando bem, o valor da vida deveria ser medido pelas histórias que você tem pra contar, não pelo numero de anos propriamente ditos que viveu. Meu filme tem apenas 16, mas acho meu curta muito mais interessante que muitos longas de 50 e tantos.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Mil motivos pra estar no teu enterro


Já perdi a conda das vezes que eu pensei em falar algo mas que não falei. Já perdi a conta das vezes que eu falei de ti sem estar no estado adequado. Já perdi a conta das vezes que eu tive espectativas de que podia dar certo. Juro por Deus que eu queria estar escrevendo algo vitorioso hoje, que provasse que a única luz dentro de mim me dizendo que se eu persistir, se eu acreditar, pode dar certo, funcionasse. Mas não funciona.
Eu posso ter feito do jeito errado, ter falado pouco demais, ter gaguejado muito, ter tentado um meio que não foi suficiente pra ti, mas, merda, eu tentei. Tudo o que eu sei fazer, ou melhor, a única coisa que eu sei fazer bem, eu dediquei pra ti, e dediquei diversas vezes. Sabe o que são noites sonhando com o teu beijo? Sabe o que é passar 4 dias esperando uma maldita resposta?
E o que eu ganhei, com todo esse sentimento? Ganhei um nariz vermelho e grande de PALHAÇO. Talvés alguém tenha razão ao me dizer que "essa menina não é pra ser sua", mas eu, BURRO como eu sou, quis arriscar, quis dar a cara pra bater.
De que adianta me dizerem que eu sou "diferente", que eu carrego muito sentimento, que alguém um dia vai vir, se no dia que eu mais esperei por esse alguém, ele não deu a chance que eu pedi?
Eu tinha todos os motivos do mundo pra te ter num altar, mas, ao menos hoje, meu coração queria te ver em uma cova.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Keep walking...

Hey, eu peciso falar contigo. Pera, deixa eu me concentrar, não to muito bem. Meeeu, tu tinha que ver, a gente começou a pedir cerveja pra quem passasse, e eu já não tô - pera, deixa eu me concentrar. Então. Não olha pra mim e ri, eu tenho que falar sério. Eu sei que tu tá rindo de mim, não é do momento. Tá, então. Eu já te falei um monte de vezes - presta atenção. VAI TOMAR NO CU, FILHA DA PUTA, PASSA DO LADO DA MÃE. Desculpa, deixa eu voltar ao foco. Não ri de mim! Tá, tu não tá rindo de mim. Tu tá mentindo, eu sei. NÃO RI! (risos). Ow, sério. Eu sempre preciso ficar bêbado pra falar isso... Mas é que eu tenho medo, muito medo, que tu me corte, que sei lá... Mas, quando eu to perto de ti, eu sinto algo muito forte, que eu não sei explicar... Ow, para de empurrar aí, velho, to conversando com ela. Ah, ir pra lá, ok. Tá, voltando aonde eu tava. Pára, não fica rindo! Enfim, onde eu tava... Ok, quando eu to perto de ti, isso, eu sinto algo que eu não sei explicar, mas é bom, é forte... Tu sabe que eu gosto muito de ti, muito. Ok, tu quer que eu esteja sóbrio pra dizer. Então eu vou pedir pra sair contigo amanhã. Tá bom, só preciso dizer sóbrio pra ti que eu te amo?

sábado, 12 de dezembro de 2009

Da Vinci


A gente se descobre e a gente se inventa. A gente se inventa e só assim se descobre. As vezes não descobre, outras vezes não inventa. Ou inventa que descobre, e aí descobre que inventa. Se descobre inventando, e inventa se descobrindo. E se renova, e se desloca, e se muda, e tudo volta. E quando volta, você descobre que se reinventar é vicioso, é perigoso, suculento e até imoral. Mas, descobre que inventar é, no mínimo, inevitável. E se não for, invento que é.
A gente se descobre e a gente se inventa. Eu faço isso pelo menos umas 10 vezes por dia. A gente descobre que é triste e inventa que é feliz. A gente inventa uma mentira, e descobre que é verdade. A gente descobre que gosta, e inventa que não sente nada. A gente inventa metáforas e descobre que esse é o nome que se dá pras coisas que não se explicam, mas que se entendem. A gente inventa que sabe das coisas, e descobre que não sabe nada.
E só assim se descobre como um ser, um inventor de descobertas.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Ancilostomíase

Rindo, rindo, indo e rindo. Indo e rindo, acho lindo. Não costumo escrever sobre sorrisos, muito menos sou uma pessoa que se vê radiante, até porque já me acostumei a me descrever deitado na sombra. Mas, detalhe - e apenas detalhes - me deixam alegre, me deixam sorrindo. E um sorriso sempre fica em primeiro plano. Um sorriso é tão humano quanto uma lágrima, e tem a mesma beleza inrustida no choro, mas de um modo diferente, de um modo feliz.
E como gosto das cores, amarelo é alegria, amarelo é gargalhada, amarelo me faz dar sorrisinhos a toa, como se fosse uma criança. Ela tem amarelo, sempre a vi com essa cor. E acho engraçado, muito engaçado, e nem sei porque. Não é arrebatador e estonteante como o vermelho intenso e nem tem o desejo rubro inrustido nessa cor. Mas, insisto em dizer que me tras alegria, como um raio de sol, que deixa tudo meio amarelo, tudo radiante, tudo, tudo, sorrindo.
Digitei tudo isso sorrindo, pra alguém que as vezesinhas me deixa sorrindo, e que eu sempre vejo sorrindo; a menina amarela que eu galanteio e que foi a musa dessa situação.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Perguntas e respostas

Vou dispensar a dose de álcool dessa vez, mas só dessa vez. Vou precisar fazer do meu jeito, mesmo que do meu jeito seria diferente. Vou precisar manter a minha palavra e também manter a minha lucidez. Vou precisar ter vergonha na cara, nem que por alguns minutos. Vou precisar encarar a verdade, mesmo que seja apenas uma palavra. Vou precisar ser forte, mesmo que esse seja o meu fraco. Vou precisar entender por que é que sempre busco o difícil, vou precisar descobrir por que é que preciso perguntar algo que já sei como vai ser respondido. Vou precisar aguentar meu choro, e forçar um sorriso. Vou me manter de pé depois que você disser que não, vou precisar me recompor e manter o nariz empinado, vou precisar de outra boca pra fingir que não foi nada, vou precisar me olhar no espelho e me suportar. Vou dormir com um último fio de esperança, e vou esperar que eu realmente fale com você. Vou esperar que eu realmente consiga me abrir. Vou precisar de você, independente de você precisar ou não de mim.

domingo, 15 de novembro de 2009

É primavera, prima Vera!


Cheio, cheio, cheio de folhas no chão. Morte no solo, o verde já tem um tom amarelado, a textura é seca, mas mesmo assim é belo. Deveria ser doloroso, olhar todas aquelas folhas caídas, as únicas testemunhas dos dias que já passaram.
Mas, mesmo perdendo as folhas, a árvore se mantém viva. Mais do que isso - é preciso que caiam as folhas para que venham as novas. E ela passa um tempo nua, exposta, sem proteção. E tudo isso é necessário para um dia estar novamente bonita, cheia de vida.
Cheio, cheio, cheio de folhas no chão. Todas aquelas que eu já perdi - todos os maus bocados que passei, as lembranças más, o cheiro que não podia esquecer, tudo isso já caiu. E eu me encontrei nu, por muito tempo. Sem proteção, sem carinho, sem nada do que eu precisava. Me via apenas como uma árvore seca, sem vida, inútil.
Mas agora... agora sinto que é primavera. E já sinto novas folhas nascendo. Tomara que elas tenham cheirinho de você.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Parece piada...

... Mas é que é engraçado, agora que me vi sentado do teu lado, no mesmo lugar que eu costumava estar com outra pessoa, que costumava me lembrar de outro rosto, de tanta coisa ruim. No mesmo lugar que eu tinha que conviver com tanta dor, hoje veio me trazer alegria. Tão engraçado vir você, assim, do nada, pra me deixar feliz, já que quem pensa me fazer contente, pensa ser útil ou ter alguma importância, não chega nem perto do que tu tá sendo pra mim.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Signum Crucis


... E ele caminhava com o olhar vago, quase que perdido. Parecia nem se importar com o genocídio que ocorria ao seu redor. Seus cabelos prateados, na altura da cintura dançavam no vento mórbido que precedia a morte. A armadura dourada dava a impressão de que era um titã, um monstro angelical encarregado de exercer a justiça divina. O escudo, enorme, parecia bloquear qualquer investida; se assemelhava a uma fortaleza, uma muralha impenetrável. Trazia na mão direita um terço, sempre junto a boca, e pelo movimento frenético dos lábios, parecia desferir novas preces a cada segundo.
A cada passo, mais corpos se afastavam, mais homens saiam de seu curso. Ele andava em linha reta, sem obstáculos, todos se curvavam, saiam da frente da aura assassina e igualmente pacifica que irradiava deste homem. Parecia mais um ser desequilibrado, seu olhar não demonstrava sentimento algum, não possuia expressões faciais. Não parecia humano. Continuava fitando um ponto vago no espaço, fixado em alguma outra dimensão, totalmente longe da guerra que o cercava. Foi atacado por um guerreiro demente, e sem parar de fazer suas preces, e sem ao menos olhar quem o estava atacando, se defendeu. O barulho do metal da espada batendo no pesado escudo que carregava quebrou a aparencia silenciosa que cercava-o. E mais uma vez, com uma frieza monstruosa, tirou a espada da bainha e desferiu um único golpe. Foi o suficiente.
Dizem que sua espada é benta com a mais pura água do mundo, e que sua misericórdia leva os pecadores direto ao inferno, e os puros direto aos céus. Dizem também que é um anjo, ou algo superior a um ser humano. Eu costumo dizer que é a própria palavra de Deus andando na terra. Era a criatura mais amedrontadora, a ira divina personificada, o justiceiro celeste, o demônio dos céus.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Letras Miudas


Segure na minha mão, te prometo que tudo vai dar certo. Sei como se sente, acredite se quiser. Sei no que você fica pensando. Sei que tem medo de morrer sozinho, medo de que ninguém o escute. Sei que quem você queria que te escutasse vai te dar de ombros, e que você se fecha para os outros que o escutam. Sei que dentro de você está tudo quebrado, e que ninguém consegue colar os cacos. Sei que você pensa nisso que eu estou dizendo todas as noites, antes de dormir, e te dá vontade de chorar. Te dá muita vontade de chorar, mas as lágrimas não querem vir. E sempre que pensa em chorar, se acha fraco, e então tudo piora. Sei que já não vê sentido em nada do que faz, que tudo ficou frio, e você já nem se entende. Sei que fica pensando "como é que um estranho sabe de tudo o que estou passando?". Sei também que passa os dias sonhando com alguém que vá te entender, te dizer palavras de conforto, te dar um abraço apertado, não importa o preço que isso custe. Não importa que o preço seja você.
Fraco do jeito que está, se venderia por um afago, por palavras de força, por um ombro. Se jogaria nos braços da primeira pessoa que quisesse te levar embora. Eu estou aqui pra te levar embora, segure minha mão, tudo vai dar certo.
Não preciso de contratos pra ter você na minha mão - sei que vai querer segurá-la no fim dos tempos, pois eu te socorri, eu amparei quando precisou. O Diabo é muito amável quando quer a sua alma.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Unidunitê


Tinha duas escolhas: ou pular, ou dar meia volta. Esperara tanto por isso, e agora não sabia o que fazer. Todos seus amigos estavam pulando, e ele estava louco pra pular também. Havia falado tanto disso, sonhado tanto sobre como ia fazer, e agora estava ali, a um passo do seu desejo, e não sabia se queria ir.
Começou a chorar. Era novo demais pra tomar uma decisão daquelas, não sabia lidar com esse tipo de pressão. Queria sua mãe, mas não disse isso a ninguém. Na verdade, ele chorava baixinho, quase ninguém percebia. Mas ele percebia, e isso era suficiente pra fazer com que se decepcionasse. Tinha vergonha de si, vergonha de ter medo. Vergonha de ser fraco.
Olhou para a piscina mais uma vez, ainda estava amedrontado. Tomou a decisão de última hora, fechou os olhos para esconder a visão do ato, e pulou. Fez tudo as escuras, mas sentiu na pele a adrenalina. Então era isso, era diferente, era único.
Agora tinha duas escolhas. Ou nadava, ou morria afogado. Obviamente, deixaria a água entrar - já tinha realizado seu desejo. Mas a sensação de pular na piscina foi tão boa, que ele viveu 60 anos procurando sentir aquela adrenalina denovo. Isso que deu força para ele viver.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

8.760 horas


Fui dormir num dia pensando que tudo o que eu vivi estava se repetindo. Acordei no outro tentando falar tudo o que estava me incomodando. Sim, mais uma vez com coisas pra falar, mania de segurar tudo. É errado, eu sei, mas precisava descontar. Me machucaste tanto que eu preciso tirar um pedaço de ti também, pra parecer justo. Ainda dói pra mim, te ver revive tudo. É o mesmo fantasma, o tempo inteiro. E eu, bobo, ia acreditar mais uma vez, mas, mais uma vez, soube o que tu quiseste esconder.
Continua teu caminho, vou deixar o meu fora dele, e dessa vez espero ser por muito tempo. Tanto tempo que eu já não saiba percorrer tua estrada novamente. Os buracos que deixou na minha, ainda vão estar lá, mas com asfalto novo, estarão tapados. Infelizmente, remendos fecham o furo, mas não deixam a pele lisa.
Não acredito que pensei que ia mudar, que tinha mudado. Por mais que se esforce, nunca irá. A essência é sempre a mesma - já estou enjoado de maçã.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Conhecido meu


Uma lista de execução com infinitas músicas melancólicas, melodias tristes com letras de desilusão, virou rotina para ele nesses últimos tempos. Não apenas ao ouvir, ao tentar se espressar também - linhas cada vez mais mórbidas, anseios tão horripilantes, uma onda incurável de depressão.
E ele não entendia, já que tinha feito tantas coisas nos últimos dias. Tinha feito tudo o que queria, os desejos aparentes estavam saciados. Provou da carne, bebia do vinho, tinha ótimos amigos e chances pra rir. Apenas faltava dinheiro, mas já fazia tempo que sabia que isso era segundo plano. Já fazia tanto tempo que tudo estava em segundo plano, até mesmo ele.
Tão comum olhar no espelho e não gostar do que vê. Mas ele não gostava do que via por dentro. Tinha vontade de chorar, de chorar muito, mas tudo o que estava preso não queria sair. E ele até tentou soltar tudo, assim como se regurgita o álcool para sarar a embriaguez, algumas lágrimas curariam a tristeza. E nem essas respondiam agora.
Queria tanto saber porque é que ele nunca está satisfeito, sempre tem mais pra chorar, sempre tem mais pra sofrer. Acho que dias de alegria o deixam mais triste, e os dias de solidão o completam melhor. É ele quem busca a solidão cada dia mais, pra ter um motivo pra reclamar que está sozinho, pra ter mais o que chorar. No fundo, no fundo, é culpa dele.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Mas quando eu criar coragem...


... pra te dizer que eu te amo, olhando no teu olho, você vai ter uma ideia do que realmente se passa dentro de mim. Quando eu criar coragem, não vou precisar mais de ópio pra fazer juras pra ti. Não vou precisar mais me esconder, não vou mais dar indiretas. Não vou mais precisar imbutir mensagens subliminares em toda a ação que eu faço. Quando eu criar coragem, vai perceber que por mais indeciso que meu coração seja, ele bate mais forte por você. Vai perceber que em cada veia do meu corpo corre um pouco de sentimento. Você vai ver que todas as minhas tentativas frustradas de chamar atenção tinham um motivo. Também vai entender que todas as cagadas que já fiz em relação a ti eram movidas por boas intensões, que todos os olhares eram carregados de esperança, e que todas as vezes que me mantive em silêncio, era pra pensar em como você reagiria se eu não fosse o covarde que sou por natureza.
Mas, quando eu criar coragem... talvez caia por terra toda a ilusão de ter você, desapareça de vez a esperança do teu beijo, assim como a utopia de ficarmos juntos. Mas, só de poder demonstrar o que eu estou sentindo com palavras faladas, e não como estas escritas, terá um preço extraordinário pra mim.
Juro - pra mim mesmo - que vou criar coragem pra dizer isso na tua cara.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Atestado de Desistência


E tantas vezes eu tentei ser sincero, tentei ser importante, tentei te conquistar, e mesmo assim não consegui. Tantas vezes quis acreditar, tantas vezes acabei me iludindo, e só estou pagando agora. Pagando pela audácia de acreditar denovo, de dar forças pra mentira que eu sempre critiquei. Nunca devia ter deixado me levar, nunca devia ter precisado tanto de você. Deveria ter mentido mais, ou negado a verdade. Deveria ter fingido que não precisava. Deveria ter me negado a te levar pra casa, afinal eu tava dormindo. Poderia ter dito que a tua família complica tudo.
Já fazem vários dias que prometi não escrever mais nada pra ti, e espero que essa seja a última vez. A última que ainda vou admitir ter sido pra ti. Tenho inveja por não ter uma música que lembre de mim e te tenha feito chorar. Tenho inveja dele, já que ele não mostrou nada, e te teve nos pés. Enfim sei porque azul é a cor da tristeza.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Dead, Jail or Rock n' Roll


Aceleração máxima, ruídos incessantes, tudo passa muito rápido e mesmo assim se pode ver tudo. 5 segundos são necessários pra passar uma hora. Cada molécula de oxigênio é sentida pelo corpo e nenhuma gota de suor é despercebida. Toda a excitação possível está circulando nas veias, todo o peso do mundo nas costas, toda a pressão do lugar cai sobre você, reduzindo seu volume a quase nada. Mas por menor que seja, ainda existe volume, e ainda existe força dentro de ti. Cada músculo do teu corpo se esforça, o instinto animal foca todas as atenções para esse objetivo, que hoje é sua caçada. Vida ou morte, sucesso ou fracasso. De braços amarrados, e os outros estão batendo. Tudo à sua volta é rival, até Deus é um concorrente. Mas o peso do antes não se compara à leveza do depois. É o único lugar no qual me sinto em casa, acho até que um dia vou morar em um palco.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Bolsa de Valores


Era um menininho feliz, serelepe e saltitante. Nunca havia dado problemas para sua mãe. Ia para a escola de manhã, fazia natação e judô à tarde, e tinha inglês nas sextas feiras. Queria ser médico, dizia que ia ganhar muito dinheiro. Na verdade, acho que é porque seus pais eram médicos, e já ganhavam muito dinheiro. Vivia num mundo de ouro, comia da melhor comida, vestia as melhores roupas, recebia uma mesada que superava o salário de muitas pessoas, mas ele nem sabia dessa coisa de valores, não os valores monetários.
E como é característico das vidas, a vida dele também foi passando, e ele foi crescendo. E cresceu rodeado dos maiores luxos possíveis, coisas que muita gente leva a vida inteira pra alcançar, e não alcança. Tinha a menina que quisesse, era o mais popular do colégio; aos 18 ganhou um carro, mais caro do que todo o patrimônio de várias famílias juntas. Mas, odiava matemática, não sabia dessa coisa de valores, e nem queria pensar em economia.
Na verdade, não queria pensar nem mais em medicina. Sua vida era boa do jeito que estava, não precisava se esforçar pra nada, tinha tudo o que muitos sonharam em ter, sem ter movido um dedo nesses 18 anos de existência. Além disso, tinha uma herança garantida, graças ao grande sucesso da carreira médica dos pais, que ganharam muito dinheiro, muito mesmo, o menino não tinha nem sequer noção do valor real desse trabalho. Afinal, não sabia o que eram valores. Era um merda.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A metade da foto que está faltando



Passaremos a vida inteira sofrendo por paixão, afinal, vamos nos apaixonar inúmeras vezes. Vamos nos entregar de braços abertos tantas vezes que um dia vamos perder a conta. Vamos derramar lágrimas incontáveis, fazer escândalos memoráveis, viveremos dias de uma incessável turbulência a qual vamos chamar de amor.
Mas esse sentimento desenfreado, essa obsessão assassina da qual vamos sofrer, não passa de uma paixão. Uma paixão louca e descontrolada, que é mais do que um desejo carnal, é algo no qual você se apega muito a alguém, que não pode se ver sem este. É um sentimento doentio, e que pode durar por muito tempo. E que pode enganar também.
E eu insisto em dizer que esse sentimento forte não é amor, e sim paixão. Porque amor, este não é forte. Amor não é intenso, muito pelo contrário. Amor vai te deixar calmo, não eufórico. Amor se traduz em olhares, não em beijos fogosos. Amor é quando as suas brigas terminam em tristeza, e não em ódio. Amor é quando o simples fato de estar perto de alguém te trás uma paz inexplicável, e não uma vontade incrível de agarrar a sua paixão.
E ao contrário das paixões, amor você sentirá uma vez só na vida. Talvez nem sinta. Talvez nem saiba que sentiu. Talvez não sabia na hora que está amando, até porque você pode amar verdadeiramente alguém que no momento é sua paixão. Mas um dia vai ver seu amor andando na sua frente, e vai sentir as borboletas na sua barriga se mechendo. E isso só se sente com um alguém, a vida toda. Faça o possível então para estar bem junto do seu amor, afinal, é a melhor coisa que você irá sentir.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Embaixo do tapete, gire a maçaneta com força


A porta vai estar sempre aberta, isso eu posso garantir. Mesmo que eu minta que está trancada, que eu escondi as chaves. Mas é que as vezes eu tenho vontade de trancar a casa pra sempre, não deixar ninguém entrar.
Já foram tantas pessoas que entraram, e nenhuma gostou do lugar. Nenhuma quis ficar pra sempre, estabelecer laços, criar raizes. Nenhuma se importou com o lugar o suficiente para melhorá-lo, algumas até depredaram o patrimônio, mas não pagaram por ele.
Isso me intriga. O aluguel sempre foi barato, parece ser em uma boa vizinhança, trás muito conforto. Acho que esse é o problema: as pessoas se apegam aos lares mais carentes, os que não dispõe de proteção nenhuma, mas dá acesso a inúmeras diversões. Preferem um cubículo na praia do que um grande casarão no campo.
Hoje dizem que se ouvem barulhos na casa, as janelas estão quebradas e a porta emperra. O assoalho está esburacado, as paredes rachadas. E dizem que há fantasmas, fantasmas de um passado não muito distante, que volta e meia tocam nas lembranças e fazem com que a casa quase venha ao chão.
Mas se você entrar, vai ver que na prateleira existem fotos dos antigos moradores, existem momentos registrados do s períodos que passaram lá. E talvéz vai encontrar várias fotos das mesmas pessoas. Afinal, a porta está sempre aberta, isso eu posso garantir. Mas não é qualquer um que pode entrar - é o dono dela que escolhe quem será o inquilino. E ele espera ansioso por um que entre e se sinta em casa.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A Menina Verde


Adoro acordar no verão, quando não está chovendo. Adoro olhar pra cima e ver a cor do céu. Sim, do céu. Nos poucos dias em que vejo o dia nascendo, contemplo uma mistura de cores que eu tenho como a definição de beleza. Amo do fundo do meu coração a coloração que o céu tem no início da manhã e no final da tarde, um azul quase roxo, diferente do azul escuro que precede o anoitecer e antecede o sol nascente, um azul que não é gêmeo do azul do meio dia. Coinscidentemente amo estes azuis, que me trazem diversas emoções, que me lembram de milhares de cores. Que mechem tanto comigo que me deixam feliz.
Quando eu era menor, odiava azul. Azul escuro me lembrava de mar, mar me lembra de solidão, solidão me lembra de Bruno. E Bruno me lembra de tantas coisas ruins. Coisas ruins que as vezes encobrem as boas, mas as boas são tão lindas, que me lembram do azul que hoje eu tanto amo. E eu amo porque nos dias em que eu vejo o azul do céu, o amarelo do Sol fica mais brilhante, o verde das árvores mais chamativo, até o cinza da cidade de pedra fica mais colorido, e meu mundo fica mais feliz. Logo, azul me lembra de coisas boas. Azul que me faz ver alegria, azul que me diz que não posso ser triste, que devo esquecer os problemas. Azul que não me entende, mas que me explica que a felicidade é o melhor remédio. Que lembra do céu, que me lembra de cor, que me lembra de vida. E aí, tudo azul?

sábado, 12 de setembro de 2009

Cansei!


Cansei. Cansei de tentar me esforçar pra ver todo mundo bem, cansei de tentar ajudar todo o mundo, de tentar ser um amigo legal, alguém que dá pra confiar. Cansei de ficar reclamando da mesma coisa, de querer cobrar pelos meus esforços, porque eu cansei de esperar e ninguém devolver. Cansei de pensar demais nos outros, e de menos em mim. Cansei de querer que as coisas dêem certo, porque faz tempo que eu percebi que elas não dão. Cansei de toda em que eu tento fazer as coisas do meu jeito, ou criticar o que eu não acho certo, levar milhares de tapas na cara. Cansei. Cansei também de saber que daqui uns dias vai ser a mesma merda, igual todas as outras vezes em que eu cansei antes.
A porra da vida só é colorida pra quem vive numa mentira. Viver é uma merda, acredite. Mas eu sou tão chato, tão orgulhoso, tão filho da puta, que eu vou continuar vivendo essa merda, e não vou me dar por vencido. Cansei de me cansar de viver.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A Água, o Frio, o Vento


Andando na chuva, fiquei observando os pingos caírem, e intrigado com a calmaria que se sucede em um dia chuvoso. Não ouço muitos ruídos, apenas os pingos caindo e o farfalhar das folhas quando o vento sopra. Tudo tão sozinho.
Chuva lembra lágrimas, pois estas também caem, também podem ocorrer numa calma aparente, com um silêncio mórbido que sufoca nossas angústias. Choro pode ser também uma tempestade, com gritos que liberam toda a ira enlatada em nosso corpo.
É a calmaria da chuva que me deixa fascinado. Não sei se é possível, mas tem dias que adoro a chuva, e tem dias em que a odeio. Creio que é porque preciso de paz interior, preciso perder a turbulência emocional, e apenas dias de chuva propiciam isso, há dias em que adoro ver isso estampado na minha face, em outros detesto, por saber que a natureza está simulando algo que não tenho.
Chuva, enfim, é como um atestado de melancolia. Por mais triste que eu insista em ser, detesto ver o mundo colorido de cinza. Amo dias ensolarados, nos quais eu vejo uma infinidade de cores, que me invadem de alegria. Por que será que me sinto fora de mim quando chove, se é uma alusão perfeita ao meu interior? Talvéz seja porque a mentira colorida é muito mais feliz que as cores neutras que vem com a chuva, e como o amarelo do sol que vem radiante por trás das nuvens, ainda tenho uma fagulha de esperança no meu coração chuvoso.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

21:00


Escuridão me lembra de você. Me lembra dos teus cabelos, dos teus olhos, mantos negros impenetráveis, que me lembram da noite. Noite que me lembra de solidão, de tristeza, de frieza. E estes sentimentos me lembram de você. E, eu juro que não quero lembrar de você como uma estátua, uma estátua negra que não sente a emoção dos observadores, uma estátua para a qual eu já redigi centenas de artigos e imaginei milhares de releituras. Não quero lembrar de ti eternamente como o amor que eu nunca consegui.
Escuridão me lembra de você. Mas como a noite começa, tem de terminar, e estou ansioso pelo dia em que olharei pra você e lembrarei do amanhecer.

domingo, 6 de setembro de 2009

B de Blues.


Ficar por alguns instantes ao teu lado poderia ser a melhor coisa do mundo, poderia trazer as melhores sensações possíveis, mas não trás. Não trás nada de bom que eu possa guardar. Você tem a incrível habilidade de me destruir em pedaços, com simples palavras, ou com simples olhares. Olhares estes que você não me dá, e por isso machucam tanto.
Queria que sentimentos fossem traduzidos em respostas, mas a melhor forma de contá-los é com perguntas. Por que é assim? Por que justo você? Por que eu insisto em entregar meu coração pra quem não quer? Por que não me convenço de que não adianta, é caso perdido? Por que eu ainda amo?
E o pior dessas perguntas é que tenho as respostas, guardadas em mim, e são mais dolorosas que qualquer olhar que tenha negado, qualquer ofensa que tenha feito. Nada dói mais do que a verdade, e é por isso que continuo mentindo pra mim que eu devo ter esperanças.
É assim porque eu escolho ser assim. É você porque é a menina mais interessante, a mais encantadora, a musa perfeita pras minhas letras. Insisto em entregar meu coração pra quem não quer porque parece que é assim que ele gosta, de tudo sofrido. Não me convenço porque a minha parte infantil ainda sonha com amores inálcançáveis. E ainda amo, porque por mais que eu tenha sofrido, por mais que eu tenha apanhado, nada substitui a satisfação de amar alguém.
Eu não vou mentir que ficar alguns instantes ao teu lado trás um prazer imenso, uma alegria me invade. Só que infelizmente, cada vez que você está do meu lado eu me sinto mais distante, mais insignificante, nulo. Só eu sei o que eu queria te dizer, só eu sei a força do que eu estou sentindo, só eu sei a profundidade deste lago que eu estou batizando de amor, só eu sei o quanto eu tenho pra chorar, mas estas lágrimas estão se recusando a cair.
E ao pensar em chorar me sinto tão fraco... Imagine o que faz da minha fraqueza, quando no meu peito estão engasgadas lágrimas que formariam um oceano, e afogam as palavras que eu reluto em dizer e você reluta em escutar: eu te amo.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Para de fazer careta e come!



Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama. Não me ama.

Não que eu não queira, mas não precisa. O espelho me contou que sou mais forte do que uma rejeição, mais bonito que um desamparo e muito, mas muito melhor do que um dia triste a mais no meu calendário.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Kinder Ovo


Sempre disse que odeio surpresas, mas sempre rezava pra aparecer alguma. Acho que no fundo, todos esperamos por pequenos fatos inesperados que nos tragam um pouco de alegria, nem que por poucos segundos. Quando as coisas não vão bem, desligamos todas as luzes e olhamos apenas para a frente. O que vem do lado não importa, estamos preocupados demais com nossa falta de felicidade. E é aí que vem a parte boa das surpresas. Como um homem cheio de falta de esperança, nunca acredito que num momento inoportuno, receberei uma boa nova, perceberei que a vida não gira em torno de apenas uma pessoa. Mas, a vida realmente não gira em torno de apenas uma pessoa. Fora da nossa linha de visão, há alguém pedindo atenção, mas seus olhos não estão alcançando. E quando finalmente observam, você percebe que nem tudo está perdido.
Triste saber que eu também sou alguém fora do campo de visão de outros olhos. Feliz saber que sempre há alguém querendo estar no nosso.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Leito Vazio


Horas embaixo de um sol escaldante, minutos passados embaixo de chuva. E mesmo assim continuo a esperar. Por mais que demore, não posso sair do lugar, não posso perder a locomoção ou nada me levará onde quero. Por mais que eu deteste o ambiente onde me meti, por mais que odeie o ar que tenho que respirar aqui, por mais que seja desconfortável, ainda assim irei esperar. Sei que está sem lotação, ninguém procura essa linha, então de alguma forma eu posso preencher esse vazio. Um dia o ônibus chega, e eu espero poder entrar. A não ser que o motorista, acostumado com a rotina sem passageiros, não consiga me ver fazendo sinal.

domingo, 30 de agosto de 2009

Azul

Dessa vez a caminhada vai ser longa, vão ser dias infindáveis até chegar à minha meta. Todos dias chuvosos, sem um raio de sol brilhando em meu caminho. Vão ser manhãs frias, com ventos gelados, e tardes escuras, as quais nem verei. E as noites vão ser maiores, pois com a noite vem a treva, e com a treva vem os pensamentos maus. E em meus pensamentos vem tuas palavras, e com tuas palavras vem o teu rosto, vem o teu sorriso. E as palavras que aparecem são de você dizendo que já não tem como, foi só uma miragem, que somos peças de um quebra cabeça que não estão encaixando. Somos cores muito próximas, mas que não conseguem gerar harmonia em uma pintura.
Achei que éramos muito parecidos, e por isso éramos nascidos um pro outro. Percebi que somos muito diferentes, logo os opostos se atraem. Descobri assim que não somos nada, perfeitamente imperfeitos para seguirmos de mãos dadas. E assim mesmo, quero dar a mão pra você.
Dessa vez a caminhada vai ser longa, até recuperar você. E isso me machuca tanto...

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Lábios Abstratos

Não sabe a alegria que me invade quando vejo nosso beijo, e também não faz ideia da tristeza que toma conta de mim quando percebo que não é real. Penso comigo "outro sonho", e me desanimo por uns instantes. De alguma forma me encho de esperança, como sempre faço quando penso em alguém, e depois percebo que também não é você quem eu devia estar imaginando.
Não sabe a alegria que me invade quando torno a ver o nosso beijo, e mais uma vez não faz ideia da dúvida que me assola. Se sonhos são desenhos do inconsciente, que retratam nossos desejos mais profundos, sonhar com os teus lábios quer dizer que eu os quero muito? Não consigo entender então o porquê de não sentir arrepios quando te vejo, já que foi a mulher com a qual mais sonhei na minha vida.
Não sei o nome que tem esse sentimento, não sei ao menos explicar como funciona, mas sei que quase todas as vezes que em que me aproximo muito de ti, é quase incontrolável meu anseio por beijar-te, parece que quero tua boca como uma flor quer a luz, parece até que é vampirismo.
Mas, como é freqüente em minha vida, melhor seguir com os meus sonhos, que por alguns meros segundos matam o meu vício simbólico. Você já me disse muitas vezes que odeia confusões, e que claramente é apenas uma boa amiga. Não sou tolo de contrariar, sabe que me manterei calado ao invés de te importunar com súplicas.
E eu sei que vai saber que é de ti que falo, pois já te falei dos meus sonhos mais de 100 vezes. Pois saiba que todo esse tempo, quis que fossem realidade.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Futuro do Pretérito


Queria poder demonstrar em um só gesto tudo o que não expressaria em mil palavras. Queria ter o prazer de ver um sorriso no teu rosto quando me visse chegar. Queria tanta coisa, que não sei por onde começar. Mas sei que queria terminar tendo você. Queria terminar do teu lado, terminar importante. Queria que terminasse meu esboço, preenchesse meu contorno. Pois de que vale um corpo sem alma? De que vale um coração sem amor?
Se eu soubesse que prestaria atenção nas minhas palavras, contaria tudo pra você. Mas enquanto me fizer achar que te falar que te amo é uma perda do seu tempo, continuo fazendo minhas serenatas silenciosas, com corais mudos e melodia imperceptível; com a letra apaixonada engasgada na minha garganta. Queria que o som da minha voz tocasse o fundo da tua alma, ou arrepiasse a tua pele, que mechesse com você. Queria poder dizer pra mim que não é utopia sonhar com o teu beijo.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Formulário

E se eu pedisse um pedaço do teu coração, o que diria? Se eu te explicasse que é um caso de vida ou morte, adiantaria algo pra você? Se eu perguntasse por só uma fração do teu amor, só uma parcela do teu sentimento, um segundo da tua atenção, um centímetro do teu corpo, um só toque dos teus lábios, ainda assim você negaria?
Se eu ficasse de joelhos, se eu tentasse rastejar, se eu desistisse de tudo, se eu me entregasse inteiramente, ao menos eu teria tua atenção? Se eu pisasse em você, não ligasse pra ti, não precisasse da tua pessoa, as coisas seriam tão mais fáceis. Por que é que eu preciso te magoar pra que você não me magoe? Ou será que é pelo mesmo motivo que eu te amo assim? Será que é porque você só olha pra outros rostos, só procura outros braços, só se afoga em outras bocas, que eu busco tanto o teu afeto?

E se você quisesse um pedaço do meu coração... Eu negaria, pois já tem ele inteiro.


segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Uma caixa cheia de sangue.


Guardou tudo dentro de uma caixa e escondeu a chave. Colocou numa gaveta a qual ninguém conhecia. Sempre que podia, colocava mais coisas dentro. E foram anos assim, sempre que precisava, guardava algo na caixinha. Passava meses sem precisar tocar na chave, e até esquecia que a caixa existia. Mas aí aparecia mais uma coisa pra guardar, e o fundo da gaveta era mais uma vez acionado. Com o tempo a caixa foi enchendo, enchendo, e não cabia mais nada. Mas continuava colocando coisas, dava um jeito de caber. Nunca tirava o que estava lá dentro, nunca limpava a poeira. E a caixa estava pesada. Um dia, quebrou a gaveta, que não suportava mais tamanho peso. Foi aí que percebeu que precisava abrir a caixa, e tirar o excesso; precisava esvasiar o amado guarda-entulhos. Depois de esvasiar, tirou o pó, pintou de azul e colocou no criado mudo. Deixou ali para que todos vissem. E depois desse dia, nunca mais fechou a caixa. E batizou a caixa de "coração".

domingo, 23 de agosto de 2009

Por uma letra.


Demorei alguns segundos pra começar a escrever esse post. Engraçado, geralmente eu sei por onde começar. E, mais engraçado ainda que geralmente tudo flui, eu sei como continuar, e desta vez, nem iniciei o texto realmente. Curiosamente, escrevi umas 6 ou 7 linhas antes de escrever esta que estou agora, mas foi melhor apagar. Apaguei todas e fiz o mesmo parágrafo. E continuo sem dizer nenhuma palavra sentimental.

Demorei alguns anos pra perceber que nunca consegui ser sério e dizer o que eu quero. Não pra você. E ainda vou continuar assim, mesmo sabendo que não tem razão nenhuma eu continuar sentindo. Não tem razão nenhuma eu continuar dizendo que amo você, mas que não tenho coragem de dizer na sua cara, não tenho coragem de falar tudo o que eu quero, não tenho coragem de ver você rir e não olhar no meu olhar, de virar o rosto e fingir estar escutando, de falar pra parar porque isso é chato, de dizer que eu não tenho chance nenhuma, até porque eu já sei. Não sei se é o fato de eu nunca ser levado à sério mesmo, ou se eu consigo ser tão repugnante assim pra ti, a ponto de não merecer uma chance de ao menos me abrir.

Demorarei mais alguns séculos pra dizer isso abertamente. Andei tentando escrever muito sobre ti essa semana. É um modo de dizer ao teu inconsciente tudo o que o consciente não me deixa falar. Não estou pedindo que me ame, só estou pedindo que me escute. É por um detalhe que estas palavras não são pra mim, um detalhe tão pequeno como uma letra no meio de um texto.


domingo, 9 de agosto de 2009

Mágoas, amigos e uma noite de sábado

Certa vez me falaram que guardar tristezas, mágoas, rancores, pode acabar afetando o ser humano fisicamente. Na hora, juro que não entendi o porquê disso, mas hoje eu já sei. E quando eu digo hoje, é hoje mesmo. É que todas ficam como uma ferida que você nunca cura, que sempre piora; um corte que inflama e você não trata.

Eu tenho a mania de piorar tudo. Tudo é motivo de grande decepção pra mim. E isso não é bom, nem um pouco. E ainda tenho o incrível problema de não conseguir me abrir sinceramente com alguém, não de forma completa. Tomei a decisão e a liberdade de tentar mostrar aos outros - por fora - como eu sou por dentro. Apelei para o autodestrutivo, já que minha mente caminhava por esse lado. Acho que um homem só está de bem consigo quando seu corpo e sua mente estão em perfeita sintonia, e pra mim era impossível em condições normais. Desde o momento que vi uma amiga completamente alcoolizada falando tudo o que precisava falar, percebi que esse era o melhor passo pra mim (e critique quem quiser) - acabar borracho pra contar minhas angústias.

Por mais infantil ou idiota ou inesperado que isso seja, acho que funcionou. Pela primeira vez em anos eu olho pras coisas de um modo diferente. Pela primeira vez em anos percebi que tenho alguma utilidade, do contrário ninguém teria se preocupado comigo, e, graças a Deus foram vários. Penso eu que levei tantos baques que fiquei desnorteado, sem rumo, e relutava em enxergar que todos estão na minha volta, e que o importante não é saber se eu sou especial pra alguém, mas que muitos são especiais pra mim.

Percebi que metáforas são maneiras de engrandecer sua tristeza, fazer com que você seja o maior sofredor do mundo, o que é uma verdade, pois é triste não ter ânimo pra vencer a si próprio, que é o pior inimigo que temos. Quando nem o Bruno acredita nele, é impossível se sentir bem. Mas, minha mente nunca esteve tão aberta. Não pretendo mais guardar as coisas. Não pretendo mais sofrer pelas coisas. Até ontem, pensaria "Não adianta, eu sou assim, vou acabar me flagelando". Mas hoje, eu vejo que apenas desistir é ser fraco demais. E eu não quero ser fraco.

Nunca esperem chegar no limite pra soltarem as mágoas, não vale a pena. Você sofre muito até chegar lá. Se esforcem pra contar tudo, falar tudo. Até agora foi a coisa mais difícil que eu conheci, e não nos ensinam isso na escola. Precisamos aprender com o tempo, e é um aprendizado que vale muito a pena.

Agradecimentos especiais a todos os que estiveram presentes nesse último sábado, de coração, só de me ouvirem, já me ajudaram muito. Eu acho que posso dizer que melhorei muito graças aos meus amigos. E, pura e sinceramente, amo vocês.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Espelho


Teus olhos enganam quem quiser olhar.
O riso que mostra é pura mentira.
Por trás dessa máscara que ainda insiste em usar,
Alguém até pode enxergar o que é sua vida.

A imagem que tem do que era você
Passo a passo vai perdendo a cor.
É só um rascunho do que costmavas ser,
E o que costumava fazer perdeu o esplendor.

Teus portos seguros não recebem mais os navios,
As velas não têm mais pavios, teu sol já não nasce.
A tua orquestra perfeita já não tem mais som,
Teus deuses perderam o dom, teu corpo é disfarce.

E a coroa de espinhos no seu coração
Se enrosca com a mente em destruição,
O que sente confunde, tua voz já não soa,
Teus relatos sobre outra pessoa,
São sobre você.

As histórias que costumava contar
Nem mesmo as paredes parecem ouvir.
E as coisas que você sempre costumou adorar
Agora não estão no lugar, tentaram fugir.

O beijo que você acabou sem dar
Insiste em voltar na sua memória.
Teus lábios já não querem em outros lábios tocar,
O amor que tinha pra dar agora é história.

Teu sol escaldante agora congela de frio,
O teu baú está vazio, levaram o ouro.
A chuva de verão se tornou uma tempestade,
O reino não tem magestade,o templo é um matadouro.

E a coroa de espinhos no seu coração
Se enrosca com a mente em destruição,
O que sente confunde, tua voz já não soa,
Teus relatos sobre outra pessoa,
São sobre você.

São sobre a sombra que já não te segue mais,
São sobre a paz que a tempos sumiu.
Sobre o monstro que agora apareceu,
O homem que não morreu, mas que se feriu.
Tão fundo que já não tem como se
Curar totalmente, fazer com que dor
Nunca mais retorne, e que o amor
Que nunca conheceu, venha do nada
E bote o carro que bateu de volta na estrada.

E a coroa de espinhos no seu coração
Se enrosca com a mente em destruição,
O que sente confunde, tua voz já não soa,
Teus relatos sobre outra pessoa,
São sobre você.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Questão de Tempo

Quanto mais eu penso que o tempo demora pra passar menos percebo de que ele já passou muito. Ah, passei a vida toda querendo crescer, fazer coisas de adulto. Na minha cabeça não entrava o fato de as pessoas mais velhas dizerem que "dariam tudo para voltar à infância", já que eu não via a hora de sair desta. Não que hoje eu seja vivido, mas começo a perceber que tudo passa tão rápido. E, por mais amedrontador que possa parecer, acaba ficando engraçado. Engraçado notar que tantas coisas já ocorreram em tão pouco tempo, engraçado perceber o quanto amadurecemos em questão de segundos. Engraçado perceber que não tomamos conta do tempo, ele que toma conta da gente.

Como queria chegar aos 20 e tantos anos e parar aí, não ficar mais velho. Como queria chegar logo aos 20, não ficar criança. Temos ânsia por virarmos mais velhos, e então temos medo de envelhecermos mais. A infância parece uma merda, e a velhice é pior do que os tempos de criança. Ser criança é a batalha para se alcançar o apogeu e ser velho é aceitar a decadência.

Como queria entender que o tempo deve ser vivido no tempo certo. Não quero que a minha vida dure muito - vidas longas são longas por serem monótonas. Quero que ela passe rápido, intensa, para que no fim dela eu pense "Nossa, já acabou... Parece que foi ontem que eu nasci." Mas mesmo nascendo em um dia e morrendo no outro, espero ter as melhores 24 horas da história.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Fim da Estrada


Ah, no começo era tão jovem, cheia de vida, com um futuro promissor. Todos possuiam milhares de espectativas, diziam que ia chegar longe, que iria aguentar chuvas, tremores e todas as catástrofes possíveis. Que o progresso passaria por ela, que seria gigante, suprema em sua função. Muitos duvidavam da capacidade, achavam que era estimada demais por seus criadores. Porém, como tudo o que existe, com o tempo, foi caindo no esquecimento, foi ficando velha. Ainda hoje, muitas pessoas passam por ela, de formas diferentes, com destinos diferentes, afinal ela liga diversos lugares à inúmeras localidades. Alguns estão nela só de passagem, já que o destino é muito próximo. Outros, passam muito rápido, mas desfrutam da emoção da velocidade, aproveitam a viagem ao extremo. Uns passam apenas por obrigação, não vêem a hora de chegar ao fim, acham que passar por ela é uma tortura incrível. Há aqueles que perdem o controle no meio da viagem, e acabam saindo da linha por algumas vezes. Também tem os que julgam a jornada chata e sem graça; diferentemente dos que andam de forma agradável, aproveitando a paisagem ao extremo, sentindo cada momento, despreocupados. Estes, quando menos esperam, já percorreram incontáveis milhas, e nem perceberam, estavam prontos para mais uma jornada. O curioso é que nenhuma destas pessoas, enquanto está viajando, consegue ver algo além do horizonte, não saberia dizer aonde exatamente terminou o seu caminho, é tudo imprevisível, o fim da estrada pode ser depois de qualquer curva. Não é pefeita, está cheia de buracos, passa por locais horríveis, de extrema melancolia - na verdade passa por todos os lugares e te expõe a todas as situações imagináveis. Acredite se quiser, mas inauguraram esta estada com o nome de Vida.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Encontro Tão Esperado


Noite escura. Pegou a capa velha de viagem, surrada após anos de trabalho, e se vestiu novamente. Mais uma longa noite de trabalho. Não sabia por que trabalhar na noite, deviam ser essas coisas de supersticiosos. Odiava o escuro, porém seu uniforme era preto. Não havia escolhas, apenas cumpria ordens.

Escondeu a chave debaixo do vaso de plantas - que já estavam secas a tanto tempo -, com um certo cuidado para que ninguém descobrisse o local secreto. Nada muito impossível, raramente via seus vizinhos. Até porque sua casa era muito velha, quase caindo aos pedaços. Mesmo assim, guardava várias lembranças, fotografias de tempos que não voltavam mais, todas em preto e branco. Não teve filhos, solidão havia prevalescido durante todo esse tempo, triste afirmar. Já não lembrava quando havia sido a última vez que conversara com alguém, todas as vezes que tinha um encontro, o silêncio imperava.

Porém esta noite era diferente. Esta noite iria encontrar um amigo de longa data. Já havia fugido de tantos encontros, nunca quis se sentar para tomar um café, estava sempre com pressa. Difícil encontrar mais pessoas nesse trabalho duro, raramente vira um mesmo rosto mais de uma vez - ainda que lembrasse de todos os que havia visto. Mas, como disse, esta noite era especial. Não estava procurando o amigo, este havia telefonado, convidado para passar um tempo, comer uns biscoitos e tomar um chá. Ele que havia procurado o encontro, o que deixava este muito agradável.

Quando bateu na porta, o anfitrião veio atender com um sorriso no rosto. "Entre, já estava atrasada. Faz tanto tempo". Foi retribuido com um sorriso, e desferiu um tapinha nas costas do manto negro. Conversaram por algumas horas, uma conversa divertida. Até que, então, chegou a hora de partir. E, curiosamente, desta vez o homem não tentou escapar, estendeu a mão e saiu junto com o convidado. Saíram os dois felizes, de mãos dadas. "Por que desta vez não tira o capuz?", e o pedido do velho amigo foi obedecido. Por debaixo do grande capuz, estava um rosto velho, cansado, mas incrivelmente lindo. Os dois se olharem por um momento, e continuaram andando, rindo, aproveitando cada momento.

Quando vivemos a vida intensamente e aproveitamos o máximo dela, a morte se torna apenas outra aventura, uma outra etapa a ser vencida, e fica extremamente linda aos olhos de quem a compreende.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Como Um Bom Vinho


Sempre achei que com o tempo as coisas melhoravam. Que o tempo fazia com que tudo amadurecesse, ficasse consistente, consequentemente menos doloroso. Infelizmente não foi assim. Quem sabe, foi só comigo.

Acontece que, sempre que me pego pensando no que foi vivido, voltam todas as lembranças boas, todas as alegrias, aquela coisa sem preço que eu sentia. Infelizmente, só de pensar nessas coisas, surge uma maré de tristeza, fazendo com que memórias horripilantes venham me caçar. E o pior é que sou presa fraca, facilmente abatida. Ainda mais sabendo que esses pensamentos são experientes: sabem atirar onde mais dói.

Nem que sejam por breves segundos, é como uma série de terror na minha mente, sendo assistida pela milésima vez, deixando você reparar cada vez mais nos detalhes, já que você não se apega nestes durante a primeira vez. E assim você enxerga que estava tudo na sua frente, tudo tão claro, e só você não conseguia ver. Na verdade, acho que não queria ver, era tão melhor viver na mentira. Abraços e beijos falsos, para quem nunca sentiu os verdadeiros, são como pão e água para quem tem fome, não possuem sabor nenhum mas suprem sua necessidade. Mas, pouco a pouco você se cansa. Você percebe. E chega uma hora que não dá mais pra fugir dos fatos, é inegável. É aí que fere o seu orgulho. Como pude ser tão bobo, como pude me entregar tanto, como pude não perceber... Como pude ser feliz?

Sempre achei que com o tempo as coisas melhoravam. E acho que eu sempre acabo achando errado. Meses se passaram, e ainda não me conformo. Não por ter perdido alguém que eu amava - este não merece tanta consideração assim -, mas por ter sido tão facilmente manipulado, tão frágil, por ter errado tanto. Mas, ao contrário do que pensam, meu coração despedaçado não ficou menor. Pelo contrário, aumentou em umas três vezes. Ainda não sarou... está inchado.

domingo, 5 de julho de 2009

O que te prende nesse mundo?

Por que diabos tudo ficou tão frio,
tudo ficou tão fraco, tudo ficou vazio?
Por que será que tudo ficou escuro,
tudo ficou distante, tudo é inseguro?

Por que é que eu não ouço nada
quando eu preciso de uma voz conhecida?
E, por que é que essa estrada
cheia de falhas é chamada vida?

Por que é que os dias meus
Não voltam a ser como antes?
Sem lágrimas, sem adeus,
Sem essa dor e medo, tão constantes.

E, por que, eu me pergunto,
Se não há nenhum encanto,
Para reviver este defunto?
O que é que eu espero tanto?

sábado, 4 de julho de 2009

Luzes Apagadas


Quando eu era menor, confesso que tinha medo do escuro. Medo de haver alguma coisa a qual eu não pudesse ver, que viesse me fazer algum mal. Medo de as coisas sairem do lugar, de haver alguém indesejável. Parecia que a escuridão me engolia, não me deixava sair, que tudo ficava sozinho, distante, que não havia saída. No escuro, todos os meus medos ganhavam força, eu era só uma criança indefesa, sozinha em um mundo desconhecido, um estranho, incapaz de lutar contra os habitantes das trevas, viventes do escuro, que sabiam se locomover, sabiam como chegar a mim. E que chances teria eu, sem saber como lutar, sem saber como fugir, em uma terra em que eu não conhecia os atalhos, não sabia encontrar as portas, estava encurralado.

E, todas as noites era a mesma coisa. Horrível se sentir sozinho e inútil, incapaz de sobreviver a sí mesmo, às coisas que eram frutos da minha própria cabeça, minha própria imaginação. Como poderia eu derrotar algo que vinha de dentro de mim, que convivia comigo? Simplesmente, passei a controlar os medos. Já que eu os criava, era seu senhor por natureza, podia ter o comando do que eu tanto temia.

Infelizmente, há dias em que os subordinados se voltam contra os comandantes, há vezes em que meus medos me vencem. Há dias em que as luzes se apagam, eu volto a me sentir sozinho, inútil, encurralado, sem forçar para controlar meus temores: estes já estão fortes demais. Porém, sempre há alguém que entrará no quarto e acenderá as luzes. Sempre existe alguém para iluminar as nossas vidas.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Arco Íris


Há dias em que eu me sinto triste, apenas isso. Dias em que há alguma coisa de errado que me deixa assim, ou as mesmas coisas de sempre, que insistem em não mudar. Em que eu não quero conversa, não quero carinho, só quero ficar triste em paz, sem ninguém pra atrapalhar.

Mas, há dias em que eu estou feliz, de um modo que nada podeira estragar essa felicidade, em que eu pareço irradiar alegria, e posso nem saber o motivo. Raros, mas acolhedores dias, em que estamos de bem com tudo.

Também há dias em que eu me sinto desanimado, desamparado, não triste, decepcionado. E isso é diferente de tristeza, é muito mais profundo. Deixa marcas, vai até o abismo da alma, aonde os risos não chegam, as gargalhadas não ecoam. Dias que parecem não ter fim, que parecem não ter cura.

Sem falar nos dias em que tenho raiva. Raiva de tudo, raiva de mim, raiva de você, raiva do mundo, raiva do que me faz sofrer tanto, raiva do que faz tudo tão errado, raiva de sentir raiva.

Em contrapartida, há dias em que eu amo, e é tão diferente, tão bom, me preenche de uma forma que eu não posso explicar. Tira a atenção, tira a tensão, me deixa leve, me deixa solto, me deixa de bem com tudo, apaixonadamente apaixonado.

Enfim, todos esses dias, me fazem sentir. É como um arco íris, uma variedade de cores que me fazem ter reações mil, que me fazem ser humano.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Maquiagem Diária

Algumas horas de sono antecedem o que cada dia se torna mais difícil de fazer: acordar. Não pelo fato de estar vivo, mas pelo fato de encarar mais um dia, de encarar todos os seus pensamentos, todas suas aflições, todos os seus medos. E essas horas de sono possuem a graciosidade do inconsciente, com imagens sortidas, situações aleatórias, que por mais bizarras que possam ser, parecem melhores do que as barreiras impostas pela consciência. Até quando vale a pena saber o que fazer, tomar decisões, encarar tudo de frente, como vivem pregando? Até onde aguentamos sem precisarmos de um ponto de fuga? Quantas milhas percorremos em uma estrada sem acostamento, antes de sofrermos um acidente pelo cansaço? Quantas noites serão gastas pensando no que não se gosta de pensar, e quantos dias serão perdidos ao se esperar por essas noites.

Enfim, temos poucas horas pra tomar o fôlego depois de quase nos afogarmos no dia anterior, para tentarmos novamente atravessar o oceano no dia que está chegando. Porque infelizmente eu não respondi as minhas dúvidas, não matei os meus anseios, não dei adeus para a tristeza. Aliás, esta veio tomar chá por algumas horas, e essas horas já se tornaram meses.

Mesmo assim, abrimos os olhos e passamos a maquiagem de todo o dia. Um pouco de base pra esconder as marcas visíveis, um batom que nos ajuda a desferir sorrisos dolorosos, e um lápis no olho, para disfarçar o olhar, que rápidamente entregaria tudo.

Beijos, eu prometo que esse Blog novo eu levo à sério. ;*