domingo, 15 de novembro de 2009

É primavera, prima Vera!


Cheio, cheio, cheio de folhas no chão. Morte no solo, o verde já tem um tom amarelado, a textura é seca, mas mesmo assim é belo. Deveria ser doloroso, olhar todas aquelas folhas caídas, as únicas testemunhas dos dias que já passaram.
Mas, mesmo perdendo as folhas, a árvore se mantém viva. Mais do que isso - é preciso que caiam as folhas para que venham as novas. E ela passa um tempo nua, exposta, sem proteção. E tudo isso é necessário para um dia estar novamente bonita, cheia de vida.
Cheio, cheio, cheio de folhas no chão. Todas aquelas que eu já perdi - todos os maus bocados que passei, as lembranças más, o cheiro que não podia esquecer, tudo isso já caiu. E eu me encontrei nu, por muito tempo. Sem proteção, sem carinho, sem nada do que eu precisava. Me via apenas como uma árvore seca, sem vida, inútil.
Mas agora... agora sinto que é primavera. E já sinto novas folhas nascendo. Tomara que elas tenham cheirinho de você.

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