sábado, 20 de fevereiro de 2010

Função Fática

Eu vou manter os diálogos normais, até achar que é hora de dizer algo a mais. E certamente vou escolher a hora errada, como eu sempre faço. E então creio que vai dizer que não pode, que não deve, que não quer, que não. Então eu vou olhar com uma cara de compaixão e um sorriso de compreensão, que é o que eu chamo de "cara de derrotado", vou fingir que está tudo bem, que eu já esperava por isso.
Mas é tudo mentira. Eu esperava que você sorrisse, que você me desse espaço para o ataque, que liberasse feromônios de desejo, e que meu instinto capturasse-os. O meu desejo está no ar, te envio por olhares, por gestos, por palavras trocadas. E não sei dizer se você os entende, pode até parecer que sim, e no fim ser não, como normalmente ocorre com meus julgamentos.
Mas, te quero, e não vou descansar até te ter. Espero que eu possa ser rápido e eficiente, e abata a presa com maestria. É intenso, e quero deixar bem claro que é. Tu sabes como eu funciono com algo que me prende a atenção: sempre atiro pra matar. Mas você vem desviando os tiros, e me mostrando que sou incompetente; o que só te torna mais interessante.
Vou manter os diálogos normais, apenas puxando conversa, até porque adoro nossos diálogos como são. Você estava na lista das obsessões, e de momento descartei a primeira. Vou seguir os conselhos de quem já conseguiu meu amor, mas que não pode tirar proveito dele: devo tentar abrir o coração e deixar alguém entrar. Tu és forte candidata, pelo menos para tentar. Nada de errado em emprestá-lo, enquanto a dona não está usando.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Minha mãe mandou eu escolher...

Parar pra pensar é um ato que dói. Sentar e analizar tudo é difícil e nos consome um certo tempo, mas - ao menos pra mim - é algo inevitável.
É perfeitamente possível deixar de encarar a dor, mas tristemente inevitável de sentí-la. E, mais fácil ainda é maximizá-la. Engrandecer os problemas, fazer com que tudo soe errado, tudo soe triste; sei muito bem fazer isso. Digo que aprendi a lidar com a dor minha, mas ainda não aprendi bem.
Assim como não aprendi a lidar com as alegrias, com as emoções, não aprendi a lidar comigo mesmo tão bem assim. Não aprendi a lidar com escolhas, apesar de sempre estar confiante nelas, e estas geralmente se mostrarem erradas.
Mas, os ponteiros do relógio e os dias do calendário são muito mais sábios que seres pensantes de duas pernas, assim como os olhos são muito mais instrutivos que a intuição. Em duas noites, em breves minutos, meus olhos me fizeram repensar tudo o que eu vinha sentindo. E eu já sabia que já não fazia sentido, mas escolhi - inconsequentemente - desejar algo de maneira muito forte, mas sem fazer nada. E vi que isso não me pertence. Também havia me conformado que não podia ter algo do jeito que eu queria, mesmo tendo obtido por breves momentos. Mas meus olhos me fizeram ver uma cena tão triste, que me perturbou os sentidos por algumas horas, e outra tão explêndida que iluminou meus dias posteriores.
Enfim, há semelhanças entre pequenos amores. Podem me dizer que eu não sei quem eu amo, mas a verdade é que já aceitei algo que era difícil de aceitar: não posso ter esses amores, mas não me conformo em não ter o que eu quero. E é aí que vale a pena esperar pra quebrar a cara, porque eu quebro com gosto, porque eu quebro como todos sabem que eu faria. Acho que faço de propósito, gosto de quem não devia, porque é gostoso gostar assim.