domingo, 30 de agosto de 2009

Azul

Dessa vez a caminhada vai ser longa, vão ser dias infindáveis até chegar à minha meta. Todos dias chuvosos, sem um raio de sol brilhando em meu caminho. Vão ser manhãs frias, com ventos gelados, e tardes escuras, as quais nem verei. E as noites vão ser maiores, pois com a noite vem a treva, e com a treva vem os pensamentos maus. E em meus pensamentos vem tuas palavras, e com tuas palavras vem o teu rosto, vem o teu sorriso. E as palavras que aparecem são de você dizendo que já não tem como, foi só uma miragem, que somos peças de um quebra cabeça que não estão encaixando. Somos cores muito próximas, mas que não conseguem gerar harmonia em uma pintura.
Achei que éramos muito parecidos, e por isso éramos nascidos um pro outro. Percebi que somos muito diferentes, logo os opostos se atraem. Descobri assim que não somos nada, perfeitamente imperfeitos para seguirmos de mãos dadas. E assim mesmo, quero dar a mão pra você.
Dessa vez a caminhada vai ser longa, até recuperar você. E isso me machuca tanto...

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Lábios Abstratos

Não sabe a alegria que me invade quando vejo nosso beijo, e também não faz ideia da tristeza que toma conta de mim quando percebo que não é real. Penso comigo "outro sonho", e me desanimo por uns instantes. De alguma forma me encho de esperança, como sempre faço quando penso em alguém, e depois percebo que também não é você quem eu devia estar imaginando.
Não sabe a alegria que me invade quando torno a ver o nosso beijo, e mais uma vez não faz ideia da dúvida que me assola. Se sonhos são desenhos do inconsciente, que retratam nossos desejos mais profundos, sonhar com os teus lábios quer dizer que eu os quero muito? Não consigo entender então o porquê de não sentir arrepios quando te vejo, já que foi a mulher com a qual mais sonhei na minha vida.
Não sei o nome que tem esse sentimento, não sei ao menos explicar como funciona, mas sei que quase todas as vezes que em que me aproximo muito de ti, é quase incontrolável meu anseio por beijar-te, parece que quero tua boca como uma flor quer a luz, parece até que é vampirismo.
Mas, como é freqüente em minha vida, melhor seguir com os meus sonhos, que por alguns meros segundos matam o meu vício simbólico. Você já me disse muitas vezes que odeia confusões, e que claramente é apenas uma boa amiga. Não sou tolo de contrariar, sabe que me manterei calado ao invés de te importunar com súplicas.
E eu sei que vai saber que é de ti que falo, pois já te falei dos meus sonhos mais de 100 vezes. Pois saiba que todo esse tempo, quis que fossem realidade.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Futuro do Pretérito


Queria poder demonstrar em um só gesto tudo o que não expressaria em mil palavras. Queria ter o prazer de ver um sorriso no teu rosto quando me visse chegar. Queria tanta coisa, que não sei por onde começar. Mas sei que queria terminar tendo você. Queria terminar do teu lado, terminar importante. Queria que terminasse meu esboço, preenchesse meu contorno. Pois de que vale um corpo sem alma? De que vale um coração sem amor?
Se eu soubesse que prestaria atenção nas minhas palavras, contaria tudo pra você. Mas enquanto me fizer achar que te falar que te amo é uma perda do seu tempo, continuo fazendo minhas serenatas silenciosas, com corais mudos e melodia imperceptível; com a letra apaixonada engasgada na minha garganta. Queria que o som da minha voz tocasse o fundo da tua alma, ou arrepiasse a tua pele, que mechesse com você. Queria poder dizer pra mim que não é utopia sonhar com o teu beijo.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Formulário

E se eu pedisse um pedaço do teu coração, o que diria? Se eu te explicasse que é um caso de vida ou morte, adiantaria algo pra você? Se eu perguntasse por só uma fração do teu amor, só uma parcela do teu sentimento, um segundo da tua atenção, um centímetro do teu corpo, um só toque dos teus lábios, ainda assim você negaria?
Se eu ficasse de joelhos, se eu tentasse rastejar, se eu desistisse de tudo, se eu me entregasse inteiramente, ao menos eu teria tua atenção? Se eu pisasse em você, não ligasse pra ti, não precisasse da tua pessoa, as coisas seriam tão mais fáceis. Por que é que eu preciso te magoar pra que você não me magoe? Ou será que é pelo mesmo motivo que eu te amo assim? Será que é porque você só olha pra outros rostos, só procura outros braços, só se afoga em outras bocas, que eu busco tanto o teu afeto?

E se você quisesse um pedaço do meu coração... Eu negaria, pois já tem ele inteiro.


segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Uma caixa cheia de sangue.


Guardou tudo dentro de uma caixa e escondeu a chave. Colocou numa gaveta a qual ninguém conhecia. Sempre que podia, colocava mais coisas dentro. E foram anos assim, sempre que precisava, guardava algo na caixinha. Passava meses sem precisar tocar na chave, e até esquecia que a caixa existia. Mas aí aparecia mais uma coisa pra guardar, e o fundo da gaveta era mais uma vez acionado. Com o tempo a caixa foi enchendo, enchendo, e não cabia mais nada. Mas continuava colocando coisas, dava um jeito de caber. Nunca tirava o que estava lá dentro, nunca limpava a poeira. E a caixa estava pesada. Um dia, quebrou a gaveta, que não suportava mais tamanho peso. Foi aí que percebeu que precisava abrir a caixa, e tirar o excesso; precisava esvasiar o amado guarda-entulhos. Depois de esvasiar, tirou o pó, pintou de azul e colocou no criado mudo. Deixou ali para que todos vissem. E depois desse dia, nunca mais fechou a caixa. E batizou a caixa de "coração".

domingo, 23 de agosto de 2009

Por uma letra.


Demorei alguns segundos pra começar a escrever esse post. Engraçado, geralmente eu sei por onde começar. E, mais engraçado ainda que geralmente tudo flui, eu sei como continuar, e desta vez, nem iniciei o texto realmente. Curiosamente, escrevi umas 6 ou 7 linhas antes de escrever esta que estou agora, mas foi melhor apagar. Apaguei todas e fiz o mesmo parágrafo. E continuo sem dizer nenhuma palavra sentimental.

Demorei alguns anos pra perceber que nunca consegui ser sério e dizer o que eu quero. Não pra você. E ainda vou continuar assim, mesmo sabendo que não tem razão nenhuma eu continuar sentindo. Não tem razão nenhuma eu continuar dizendo que amo você, mas que não tenho coragem de dizer na sua cara, não tenho coragem de falar tudo o que eu quero, não tenho coragem de ver você rir e não olhar no meu olhar, de virar o rosto e fingir estar escutando, de falar pra parar porque isso é chato, de dizer que eu não tenho chance nenhuma, até porque eu já sei. Não sei se é o fato de eu nunca ser levado à sério mesmo, ou se eu consigo ser tão repugnante assim pra ti, a ponto de não merecer uma chance de ao menos me abrir.

Demorarei mais alguns séculos pra dizer isso abertamente. Andei tentando escrever muito sobre ti essa semana. É um modo de dizer ao teu inconsciente tudo o que o consciente não me deixa falar. Não estou pedindo que me ame, só estou pedindo que me escute. É por um detalhe que estas palavras não são pra mim, um detalhe tão pequeno como uma letra no meio de um texto.


domingo, 9 de agosto de 2009

Mágoas, amigos e uma noite de sábado

Certa vez me falaram que guardar tristezas, mágoas, rancores, pode acabar afetando o ser humano fisicamente. Na hora, juro que não entendi o porquê disso, mas hoje eu já sei. E quando eu digo hoje, é hoje mesmo. É que todas ficam como uma ferida que você nunca cura, que sempre piora; um corte que inflama e você não trata.

Eu tenho a mania de piorar tudo. Tudo é motivo de grande decepção pra mim. E isso não é bom, nem um pouco. E ainda tenho o incrível problema de não conseguir me abrir sinceramente com alguém, não de forma completa. Tomei a decisão e a liberdade de tentar mostrar aos outros - por fora - como eu sou por dentro. Apelei para o autodestrutivo, já que minha mente caminhava por esse lado. Acho que um homem só está de bem consigo quando seu corpo e sua mente estão em perfeita sintonia, e pra mim era impossível em condições normais. Desde o momento que vi uma amiga completamente alcoolizada falando tudo o que precisava falar, percebi que esse era o melhor passo pra mim (e critique quem quiser) - acabar borracho pra contar minhas angústias.

Por mais infantil ou idiota ou inesperado que isso seja, acho que funcionou. Pela primeira vez em anos eu olho pras coisas de um modo diferente. Pela primeira vez em anos percebi que tenho alguma utilidade, do contrário ninguém teria se preocupado comigo, e, graças a Deus foram vários. Penso eu que levei tantos baques que fiquei desnorteado, sem rumo, e relutava em enxergar que todos estão na minha volta, e que o importante não é saber se eu sou especial pra alguém, mas que muitos são especiais pra mim.

Percebi que metáforas são maneiras de engrandecer sua tristeza, fazer com que você seja o maior sofredor do mundo, o que é uma verdade, pois é triste não ter ânimo pra vencer a si próprio, que é o pior inimigo que temos. Quando nem o Bruno acredita nele, é impossível se sentir bem. Mas, minha mente nunca esteve tão aberta. Não pretendo mais guardar as coisas. Não pretendo mais sofrer pelas coisas. Até ontem, pensaria "Não adianta, eu sou assim, vou acabar me flagelando". Mas hoje, eu vejo que apenas desistir é ser fraco demais. E eu não quero ser fraco.

Nunca esperem chegar no limite pra soltarem as mágoas, não vale a pena. Você sofre muito até chegar lá. Se esforcem pra contar tudo, falar tudo. Até agora foi a coisa mais difícil que eu conheci, e não nos ensinam isso na escola. Precisamos aprender com o tempo, e é um aprendizado que vale muito a pena.

Agradecimentos especiais a todos os que estiveram presentes nesse último sábado, de coração, só de me ouvirem, já me ajudaram muito. Eu acho que posso dizer que melhorei muito graças aos meus amigos. E, pura e sinceramente, amo vocês.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Espelho


Teus olhos enganam quem quiser olhar.
O riso que mostra é pura mentira.
Por trás dessa máscara que ainda insiste em usar,
Alguém até pode enxergar o que é sua vida.

A imagem que tem do que era você
Passo a passo vai perdendo a cor.
É só um rascunho do que costmavas ser,
E o que costumava fazer perdeu o esplendor.

Teus portos seguros não recebem mais os navios,
As velas não têm mais pavios, teu sol já não nasce.
A tua orquestra perfeita já não tem mais som,
Teus deuses perderam o dom, teu corpo é disfarce.

E a coroa de espinhos no seu coração
Se enrosca com a mente em destruição,
O que sente confunde, tua voz já não soa,
Teus relatos sobre outra pessoa,
São sobre você.

As histórias que costumava contar
Nem mesmo as paredes parecem ouvir.
E as coisas que você sempre costumou adorar
Agora não estão no lugar, tentaram fugir.

O beijo que você acabou sem dar
Insiste em voltar na sua memória.
Teus lábios já não querem em outros lábios tocar,
O amor que tinha pra dar agora é história.

Teu sol escaldante agora congela de frio,
O teu baú está vazio, levaram o ouro.
A chuva de verão se tornou uma tempestade,
O reino não tem magestade,o templo é um matadouro.

E a coroa de espinhos no seu coração
Se enrosca com a mente em destruição,
O que sente confunde, tua voz já não soa,
Teus relatos sobre outra pessoa,
São sobre você.

São sobre a sombra que já não te segue mais,
São sobre a paz que a tempos sumiu.
Sobre o monstro que agora apareceu,
O homem que não morreu, mas que se feriu.
Tão fundo que já não tem como se
Curar totalmente, fazer com que dor
Nunca mais retorne, e que o amor
Que nunca conheceu, venha do nada
E bote o carro que bateu de volta na estrada.

E a coroa de espinhos no seu coração
Se enrosca com a mente em destruição,
O que sente confunde, tua voz já não soa,
Teus relatos sobre outra pessoa,
São sobre você.