segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Uma caixa cheia de sangue.


Guardou tudo dentro de uma caixa e escondeu a chave. Colocou numa gaveta a qual ninguém conhecia. Sempre que podia, colocava mais coisas dentro. E foram anos assim, sempre que precisava, guardava algo na caixinha. Passava meses sem precisar tocar na chave, e até esquecia que a caixa existia. Mas aí aparecia mais uma coisa pra guardar, e o fundo da gaveta era mais uma vez acionado. Com o tempo a caixa foi enchendo, enchendo, e não cabia mais nada. Mas continuava colocando coisas, dava um jeito de caber. Nunca tirava o que estava lá dentro, nunca limpava a poeira. E a caixa estava pesada. Um dia, quebrou a gaveta, que não suportava mais tamanho peso. Foi aí que percebeu que precisava abrir a caixa, e tirar o excesso; precisava esvasiar o amado guarda-entulhos. Depois de esvasiar, tirou o pó, pintou de azul e colocou no criado mudo. Deixou ali para que todos vissem. E depois desse dia, nunca mais fechou a caixa. E batizou a caixa de "coração".

Nenhum comentário:

Postar um comentário