terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Parabéns pro papai

Bom, amanhã fazem 17 anos que eu estou presente no teu aniversário, e é engraçado, pois depois você vai estar 18 vezes no meu. E é engraçado pois você nunca vai ler isso. E é engraçado mais um monte de coisas.
Lembro de ter conversado com alguns amigos, e chegamos à conclusão de que um pai nunca vai ser amado do jeito que uma mãe é. Porém, nenhuma mãe pode magoar um filho do jeito que um pai pode. Sei muito bem o que é isso, senti na pele. Passei anos com raiva, ressentido. Em certo ponto, houve uma inversão de papeis, o filho no lugar do pai, o pai no lugar do filho. Não sei onde foi que erramos, não sei se fomos nós dois que erramos; no fim ninguém tem culpa de nada, e todo o mundo é culpado.
Eu sei que eu não sou a única pessoa do mundo que não teve o pai presente na vida. O meu esteve, mas do jeito dele. Nunca me viu jogando, nunca me viu tocando, chegou uma hora que eu me acostumei. Ainda faz falta, por Deus, como faz. Mas hoje eu sou "quase um adulto" e eu já consigo entender, você não fez por mal. Esse é o teu jeito, e em (amanhã) 60 anos, ninguém pôde mudar. Me obrigo a admitir que você tem atitude. Eu aprendi a buscar referência em outras figuras masculinas, em coisas que me completassem, pois mesmo parecidos, somos muito diferentes. Tenho muito da minha mãe em mim, talvez por isso você gosta tanto de mim, e ao mesmo tempo, perde a paciêcia comigo tão facilmente.
Só queria, do meu jeito, te desejar parabéns, e escrever que eu amo você muito. Não sei se tenho coragem de falar isso pra você, não sei como você reagiria ao ouvir, mas eu te amo muito, mesmo, aprendi a amar. Eu realmente queria que tudo entre nós dois tivesse sido diferente, mais próximo, mais intenso. Um dia eu vou estar no seu lugar, e acho que vou viver o sonho que eu sempre tive, de como eu queria o meu pai. E, mesmo assim, pode ter certeza, que eu vou continuar tentando ser o filho que você queria ter. Ainda vou ouvir você falando que está orgulhoso de mim, pai, e te peço perdão por tudo o que eu já senti de ódio por você. Hoje no meu peito não tem mais mágoa nenhuma em relação a ti, te perdôo silenciosamente de todas as acusações que eu tinha feito. 
Resumindo tudo o que eu quis dizer antes, feliz aniversário, Pai.

Manias.

Ela tem mania de beliscar, de morder, de arranhar. Tem mania de esmagar, de colar o corpo contra o dela, de rir. E tem um riso gostoso, um riso que é lindo de se observar. Ela tem mania de deitar no meu colo e dormir, faz do meu corpo um travesseiro. Tem mania de adormecer rapidamente, quando consegue adormecer. Tem mania de ficar brava com quase tudo, de ter ciumes até da minha sombra. Tem mania de ficar emburrada e depressiva e outras coisas mais que a tornam diferente, a tornam triste. Mas a tristeza não diminui a beleza, ela continua lá, linda. Ela tem mania de parecer uma menina, a minha menina, e as vezes tem mania de ser mulher. Ela ri, brinca, apronta e chora, como uma garotinha faz, e mais uma vez, me pego observando a beleza nesses modos, que eu não vejo em outras pessoas. E então ela se arruma, se veste, anda e fala decidida como uma mulher, madura no auge de seus dezessete anos vividos. Ela tem uma mania engraçada, de fazer eu me apaixonar todos os dias que eu a vejo.