segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Blitzkrieg

Precisamos de alguns choques pra reagirmos de maneira natural. As vezes esquecemos quem realmente somos. As vezes vemos alguma coisa que nos faz mudar de opinião. Tive a impressão de ler pensamentos, de ver meu futuro, e achar que queria algumas coisas de modo diferente. Não é certo ser imutável, mas mudar coisas que não se quer mudar é o prelúdio do arrependimento. Então ver tudo o que odiamos na nossa frente, como um tapa na cara, é um banho de água fria. Todos temos um instinto homicida, uma raiva contida, algo que não sabemos administrar muito bem, e que cedo ou tarde se revela. A simples vontade de cometer uma agressão já é um meio de perder o controle.
Tudo começa com uma faísca, logo o fogo é incontrolável. A violência, o sexo, as drogas, as mentiras e o suícidio são o que eu chamo de verdadeira face humana: uma face suja, sórdida e sem salvação. E é isso que todos insistimos em acreditar, em salvação. Matamos, mentimos e contratamos prostitutas, mas mesmo assim esperamos clemência divina.
Existe muita raiva dentro de mim, muito mais do que eu deixo transparecer. Talvez eu seja um pouco mais psicopata do que as pessoas ao meu redor, não sei se isso é bom ou ruim. Mas não acredito em coisas ao acaso, voltei a acreditar que existe algo nos vendo e nos guiando, tanto para o bem como para o mal. Como já disse um certo alguém, "as vezes os erros fazem parte da solução."

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Translação

Assim como as estações, pessoas têm períodos distintos, do calor extremo e de cores vibrantes ao zero absoluto cinza chumbo. As pessoas passam muito tempo no inverno, soterradas na neve, longe da luz e do fogo. Sofrem necrose de sentimentos. O vento gelado corta o peito diariamente. As lágrimas são tempestades barulhentas e assustadoras, porem inevitáveis. Então os dias passam e vem o sol escaldante, a água de côco, o banho de mar. Tudo está maravilhoso, o sol brilha todo o dia, a noite demora pra chegar. As flores estão sorrindo, e o céu tem a cor dos olhos mais azuis.
Odeio o frio, a chuva e o vento, prefiro o calor e os raios de sol. Já se foi o tempo em que sorrisos eram só disfarce, não tenho a tristeza que costumava sentir. Ainda há os olhos e a maquiagem, o cabelo e sua tintura, que remetem ao fundo da alma. Ainda há uma ponta de loucura, agonia e depressão, que a cada dia mais se traduz em crueldade. Agora entendo como surgem os vilões, começam com tristezas e incertezas que se transformam em segredos e mentiras. Aprendemos a guardar palavras, a guardar ideias.
E se já não choro ou desabo, ainda odeio e faço pouco caso. Eu machuco e sei disso. E ainda mais: amo com a mesma intensidade que consigo odiar. Não pensei mudar tanto assim, mas é o curso das vidas; encontrei um sol para girar em torno, o qual sustenta a vida que há em mim. Encontrei alguém que me fez pensar diferente, mesmo que não seja tão diferente assim. Aprendi que me cuido mais com alguém que cuida de mim.