sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Translação

Assim como as estações, pessoas têm períodos distintos, do calor extremo e de cores vibrantes ao zero absoluto cinza chumbo. As pessoas passam muito tempo no inverno, soterradas na neve, longe da luz e do fogo. Sofrem necrose de sentimentos. O vento gelado corta o peito diariamente. As lágrimas são tempestades barulhentas e assustadoras, porem inevitáveis. Então os dias passam e vem o sol escaldante, a água de côco, o banho de mar. Tudo está maravilhoso, o sol brilha todo o dia, a noite demora pra chegar. As flores estão sorrindo, e o céu tem a cor dos olhos mais azuis.
Odeio o frio, a chuva e o vento, prefiro o calor e os raios de sol. Já se foi o tempo em que sorrisos eram só disfarce, não tenho a tristeza que costumava sentir. Ainda há os olhos e a maquiagem, o cabelo e sua tintura, que remetem ao fundo da alma. Ainda há uma ponta de loucura, agonia e depressão, que a cada dia mais se traduz em crueldade. Agora entendo como surgem os vilões, começam com tristezas e incertezas que se transformam em segredos e mentiras. Aprendemos a guardar palavras, a guardar ideias.
E se já não choro ou desabo, ainda odeio e faço pouco caso. Eu machuco e sei disso. E ainda mais: amo com a mesma intensidade que consigo odiar. Não pensei mudar tanto assim, mas é o curso das vidas; encontrei um sol para girar em torno, o qual sustenta a vida que há em mim. Encontrei alguém que me fez pensar diferente, mesmo que não seja tão diferente assim. Aprendi que me cuido mais com alguém que cuida de mim.

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