quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Conhecido meu


Uma lista de execução com infinitas músicas melancólicas, melodias tristes com letras de desilusão, virou rotina para ele nesses últimos tempos. Não apenas ao ouvir, ao tentar se espressar também - linhas cada vez mais mórbidas, anseios tão horripilantes, uma onda incurável de depressão.
E ele não entendia, já que tinha feito tantas coisas nos últimos dias. Tinha feito tudo o que queria, os desejos aparentes estavam saciados. Provou da carne, bebia do vinho, tinha ótimos amigos e chances pra rir. Apenas faltava dinheiro, mas já fazia tempo que sabia que isso era segundo plano. Já fazia tanto tempo que tudo estava em segundo plano, até mesmo ele.
Tão comum olhar no espelho e não gostar do que vê. Mas ele não gostava do que via por dentro. Tinha vontade de chorar, de chorar muito, mas tudo o que estava preso não queria sair. E ele até tentou soltar tudo, assim como se regurgita o álcool para sarar a embriaguez, algumas lágrimas curariam a tristeza. E nem essas respondiam agora.
Queria tanto saber porque é que ele nunca está satisfeito, sempre tem mais pra chorar, sempre tem mais pra sofrer. Acho que dias de alegria o deixam mais triste, e os dias de solidão o completam melhor. É ele quem busca a solidão cada dia mais, pra ter um motivo pra reclamar que está sozinho, pra ter mais o que chorar. No fundo, no fundo, é culpa dele.

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