quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Dia dos Pais

Do tanto de vezes que eu reclamo por me esforçar sem reconhecerem, pode parecer até tento ser um mártir. Muito obrigado, eu passo. Venho mergulhado em um drama familiar a uns 4 ou 5 anos, e por mais que ele possa parecer ter desaparecido, ele apenas melhora nuns dias e piora - ou melhor, volta ao normal - nos outros.
Um senhor de quase 60 anos, depressivo, que mora sozinho em uma casa pobre, e que ainda não venceu os traumas de um passado recente. Tem varizes, já fez diversas cirurgias, e o problema nunca se resolve. Tem dois filhos, um com síndrome de asperguer, que desde pequeno foi responsabilidade do filho maior. Filho maior, este, que tenta, pelo menos uma vez por semana, caminhar 15 ou 20 minutos pra ver como o pai está. Filho este, que a única coisa que ganha do pai são malditos 50 reais destinados à mensalidade da sua aula de violão. A pensão foi adiantada à ex-mulher, que passa por constantes crises financeiras. Mulher essa que é a culpada de toda a desgraça na sua vida. Pois se não fosse essa mulher, ele não estaria na situação em que está, não estaria sofrendo como um cachorro, jogado no mundo. Se não fosse ela, não teria essa desculpa que eu tenho que ouvir pelo menos uma vez por mês nos últimos 4 anos.
Quando eu era menor, via os filmes americanos nos quais existe uma família perfeita, onde o pai brinca com os filhos, joga futebol com eles, vai torcer por eles nas competições, sai pra passear, dentre outras atividades de realacionamento entre pais e filhos. O melhor relacionamento que eu tive com o meu pai foi passar 2 dias na casa antiga dele, ir com ele pra cidade vizinha comprar minha guitarra (sim, foi ele quem me deu) e almoçar com ele no Natal. Se você somar, talvez eu tenha ganho uns 3 mil reais dele, desde a separação. Mas amor, carinho, compreensão... Isso eu nunca recebi do meu pai. Ele nunca foi me ver jogar futsal, quando eu tinha meus 10 anos. Ele nunca me viu tocando, em nenhum lugar. Ele nunca admitiu eu gostar de um som musical que ele não suporta. Ele nunca pediu o que eu queria ser quando crescer, só sugeriu que eu fosse advogado.
Ele nem faz ideia das coisas que eu escrevo, das coisas que eu canto, da maldita facilidade que eu tinha quando fazia teatro, que tanto elogiaram. Mas, meu pai... Ele nunca, nunca me disse "filho, eu tenho orgulho de você, você foi muito bem".
Costumo dizer que eu só pedi pra Deus uma família, e eu acho que ele me deu uma que tinham devolvido, com defeito. Mas, graças a Ele, eu ganhei um pai que me serve de exemplo, exemplo daquilo que eu nunca quero ser. E, tendo apenas coisas pra reclamar, eu tenho medo de estar virando exatamente o que ele é. Pelo menos nos próxmos dias, eu não quero vê-lo nunca mais.

Um comentário:

  1. Essa foi a melhor explicação para a tua maturidade precoce! Sempre te achei um garoto muito esperto e com um pensamnto dificil de se ver em meninos dessa idade. É essa força que tu transparece que muitas pessoas precisam! Te admiro bruninho! Saudades =*

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