sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Twilight

O já esperado silêncio o qual custara a se acostumar. Uma melodia fúnebre não seria tão plausível ao momento quanto o maldito silêncio era. Nem o ouvido mais treinado poderia ouvir um ruído se quer. E essa falta de sons fundia-se perfeitamente com a ausência de luz, criando a mais pura sensação de solidão.
Mas era por esse silêncio que fazia o que devia ser feito. Não era mais uma questão de sobrevivência, já não sabia o que era sobreviver a muito tempo. Era uma questão de desejo, sempre foi. Os últimos vestígios de seu pecado escorriam pelos lábios, o que dava a sensação de que havia se esbaldado em um nectar proíbido. Já não havia mais nada na fonte, acabara de virar um compulsivo. Mas, nada mais se passava em sua cabeça após a sua droga tocar sua boca e entrar em contato com o seu organismo. Tudo ao seu redor se evaporava, e a sensação de euforia era tremenda para ser descrita. Não sentia dores. Pra falar a verdade, não sentia nada. Era mais potente do que mil orgasmos, era o maior prazer que conhecia. Era a única coisa que fazia valer a pena sua ridícula existência.
O escuro e o silêncio acasalavam-se em tão perfeita harmonia, que escondiam o crime hediondo ocorrido no local. Apenas mais um corpo sem vida, em uma rua qualquer. Apenas mais uma vítima, como qualquer outra. Apenas mais uma forma de se manter o vício, que já durava algumas centenas de anos, e que apenas aumentava. Sabia que precisava de mais sangue, para evitar as dores da abstinência.

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