sábado, 17 de julho de 2010

Killer fangs kissing

Não era tarde da noite, porém era tarde para se chegar em casa. E chovia, uma garoa fina que vinha caindo desde a aurora, trazendo consigo um vento fraco. Se eu pudesse reconhecer temperaturas, acredito que estava frio, e que o ar em movimento era mais gélido que o beijo da morte.
Morte. Beijo. Lábios que tocam suavemente os lábios mortais, e em uma última demonstração de amor, os privam das dores e desesperos deste plano terreno. Não há mais angústias, não há mais o que temer. Um beijo que encerra o ciclo iniciado pelos progenitores, que também se uniram por um beijo. É o mesmo beijo que a mãe dá ao filho quando este nasce. Um beijo que te desprende das correntes do passado, e te lança às embarcações do futuro, onde serás livre para navegar pra onde e como quiser.
Este beijo vai te tirar o Sol, vai te tirar o ar, vai te tirar a vida. Esqueça o que são sentimentos, pois estes não terá mais, e assim evitará as dores. Nunca envelhecerá e nunca sofrerá de doença. Vencerá a morte, assim como eu venci. 
Não é tarde da noite, mas ainda assim é tarde para chegar em casa, tens uma filha a te esperar. Esqueça-a. Estou tirando a mãe desta menina. Ela não vai dormir por várias noites, perguntando-se onde está a mãe adorada. Você não vai dormir noite alguma, e seu único desejo maternal é o de saciar a fome e a sede, com carne e sangue.
Deixe-me beijar-te. Sinta a vida se esvair, e a noite tomar conta de tudo o que há dentro de você. De tudo o que há dentro de nós.

sábado, 10 de julho de 2010

Medo

Não me deixe pensando que as coisas ruins vão acontecer, que há um milésimo de chance de alguém vir e te tirar de mim, nem que seja por alguns minutos. Não deixe que alguém venha e roube teus lábios e teu olhar e o jeito com que segura o meu corpo, nem que seja por uma noite só. Não permita que as doses de tequila te façam agir por impulso, e te mostrem rostos mais belos que o meu, com bocas muito mais atraentes. Não se deixe agir pelo privilégio do segredo, de fazer coisas com alguém desconhecido em um mundo paralelo. Não, por favor não, se dê a liberdade de ter pensamentos desejosos ou sentimentos quaisquer por um nome diferente do meu. Eu te imploro, por favor, não quebre meu coração, como já fizeram tantas vezes. Estou te confiando o que há dentro do peito, e atrás dos olhos, que se enchem de lágrimas ao pensar em não suprir tua necessidade de amor. Eles estão cheios agora, e já faz tempo que precisam esvasiar. Eu te amo, do jeito mais sincero que eu consigo amar, e em função disso, temo a tua ausência no sentido mais denotativo que é possível temer.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Carta de Suicídio

Não sei mais, não consigo mais escrever. Ando desanimado, não falo contigo já faz mais de 24 horas. Não me mate assim, de saudades. Tire a corda do meu pescoço, por favor. Não, são Pedro, vou esperar aqui fora. Esperar minha menina chegar.