quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Embaixo do tapete, gire a maçaneta com força


A porta vai estar sempre aberta, isso eu posso garantir. Mesmo que eu minta que está trancada, que eu escondi as chaves. Mas é que as vezes eu tenho vontade de trancar a casa pra sempre, não deixar ninguém entrar.
Já foram tantas pessoas que entraram, e nenhuma gostou do lugar. Nenhuma quis ficar pra sempre, estabelecer laços, criar raizes. Nenhuma se importou com o lugar o suficiente para melhorá-lo, algumas até depredaram o patrimônio, mas não pagaram por ele.
Isso me intriga. O aluguel sempre foi barato, parece ser em uma boa vizinhança, trás muito conforto. Acho que esse é o problema: as pessoas se apegam aos lares mais carentes, os que não dispõe de proteção nenhuma, mas dá acesso a inúmeras diversões. Preferem um cubículo na praia do que um grande casarão no campo.
Hoje dizem que se ouvem barulhos na casa, as janelas estão quebradas e a porta emperra. O assoalho está esburacado, as paredes rachadas. E dizem que há fantasmas, fantasmas de um passado não muito distante, que volta e meia tocam nas lembranças e fazem com que a casa quase venha ao chão.
Mas se você entrar, vai ver que na prateleira existem fotos dos antigos moradores, existem momentos registrados do s períodos que passaram lá. E talvéz vai encontrar várias fotos das mesmas pessoas. Afinal, a porta está sempre aberta, isso eu posso garantir. Mas não é qualquer um que pode entrar - é o dono dela que escolhe quem será o inquilino. E ele espera ansioso por um que entre e se sinta em casa.

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