sábado, 4 de julho de 2009

Luzes Apagadas


Quando eu era menor, confesso que tinha medo do escuro. Medo de haver alguma coisa a qual eu não pudesse ver, que viesse me fazer algum mal. Medo de as coisas sairem do lugar, de haver alguém indesejável. Parecia que a escuridão me engolia, não me deixava sair, que tudo ficava sozinho, distante, que não havia saída. No escuro, todos os meus medos ganhavam força, eu era só uma criança indefesa, sozinha em um mundo desconhecido, um estranho, incapaz de lutar contra os habitantes das trevas, viventes do escuro, que sabiam se locomover, sabiam como chegar a mim. E que chances teria eu, sem saber como lutar, sem saber como fugir, em uma terra em que eu não conhecia os atalhos, não sabia encontrar as portas, estava encurralado.

E, todas as noites era a mesma coisa. Horrível se sentir sozinho e inútil, incapaz de sobreviver a sí mesmo, às coisas que eram frutos da minha própria cabeça, minha própria imaginação. Como poderia eu derrotar algo que vinha de dentro de mim, que convivia comigo? Simplesmente, passei a controlar os medos. Já que eu os criava, era seu senhor por natureza, podia ter o comando do que eu tanto temia.

Infelizmente, há dias em que os subordinados se voltam contra os comandantes, há vezes em que meus medos me vencem. Há dias em que as luzes se apagam, eu volto a me sentir sozinho, inútil, encurralado, sem forçar para controlar meus temores: estes já estão fortes demais. Porém, sempre há alguém que entrará no quarto e acenderá as luzes. Sempre existe alguém para iluminar as nossas vidas.

3 comentários:

  1. "era seu senhor por natureza, podia ter o comando do que eu tanto temia."

    É uma pena a saudade não ser controlável.

    (L)

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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