terça-feira, 28 de julho de 2009

Questão de Tempo

Quanto mais eu penso que o tempo demora pra passar menos percebo de que ele já passou muito. Ah, passei a vida toda querendo crescer, fazer coisas de adulto. Na minha cabeça não entrava o fato de as pessoas mais velhas dizerem que "dariam tudo para voltar à infância", já que eu não via a hora de sair desta. Não que hoje eu seja vivido, mas começo a perceber que tudo passa tão rápido. E, por mais amedrontador que possa parecer, acaba ficando engraçado. Engraçado notar que tantas coisas já ocorreram em tão pouco tempo, engraçado perceber o quanto amadurecemos em questão de segundos. Engraçado perceber que não tomamos conta do tempo, ele que toma conta da gente.

Como queria chegar aos 20 e tantos anos e parar aí, não ficar mais velho. Como queria chegar logo aos 20, não ficar criança. Temos ânsia por virarmos mais velhos, e então temos medo de envelhecermos mais. A infância parece uma merda, e a velhice é pior do que os tempos de criança. Ser criança é a batalha para se alcançar o apogeu e ser velho é aceitar a decadência.

Como queria entender que o tempo deve ser vivido no tempo certo. Não quero que a minha vida dure muito - vidas longas são longas por serem monótonas. Quero que ela passe rápido, intensa, para que no fim dela eu pense "Nossa, já acabou... Parece que foi ontem que eu nasci." Mas mesmo nascendo em um dia e morrendo no outro, espero ter as melhores 24 horas da história.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Fim da Estrada


Ah, no começo era tão jovem, cheia de vida, com um futuro promissor. Todos possuiam milhares de espectativas, diziam que ia chegar longe, que iria aguentar chuvas, tremores e todas as catástrofes possíveis. Que o progresso passaria por ela, que seria gigante, suprema em sua função. Muitos duvidavam da capacidade, achavam que era estimada demais por seus criadores. Porém, como tudo o que existe, com o tempo, foi caindo no esquecimento, foi ficando velha. Ainda hoje, muitas pessoas passam por ela, de formas diferentes, com destinos diferentes, afinal ela liga diversos lugares à inúmeras localidades. Alguns estão nela só de passagem, já que o destino é muito próximo. Outros, passam muito rápido, mas desfrutam da emoção da velocidade, aproveitam a viagem ao extremo. Uns passam apenas por obrigação, não vêem a hora de chegar ao fim, acham que passar por ela é uma tortura incrível. Há aqueles que perdem o controle no meio da viagem, e acabam saindo da linha por algumas vezes. Também tem os que julgam a jornada chata e sem graça; diferentemente dos que andam de forma agradável, aproveitando a paisagem ao extremo, sentindo cada momento, despreocupados. Estes, quando menos esperam, já percorreram incontáveis milhas, e nem perceberam, estavam prontos para mais uma jornada. O curioso é que nenhuma destas pessoas, enquanto está viajando, consegue ver algo além do horizonte, não saberia dizer aonde exatamente terminou o seu caminho, é tudo imprevisível, o fim da estrada pode ser depois de qualquer curva. Não é pefeita, está cheia de buracos, passa por locais horríveis, de extrema melancolia - na verdade passa por todos os lugares e te expõe a todas as situações imagináveis. Acredite se quiser, mas inauguraram esta estada com o nome de Vida.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Encontro Tão Esperado


Noite escura. Pegou a capa velha de viagem, surrada após anos de trabalho, e se vestiu novamente. Mais uma longa noite de trabalho. Não sabia por que trabalhar na noite, deviam ser essas coisas de supersticiosos. Odiava o escuro, porém seu uniforme era preto. Não havia escolhas, apenas cumpria ordens.

Escondeu a chave debaixo do vaso de plantas - que já estavam secas a tanto tempo -, com um certo cuidado para que ninguém descobrisse o local secreto. Nada muito impossível, raramente via seus vizinhos. Até porque sua casa era muito velha, quase caindo aos pedaços. Mesmo assim, guardava várias lembranças, fotografias de tempos que não voltavam mais, todas em preto e branco. Não teve filhos, solidão havia prevalescido durante todo esse tempo, triste afirmar. Já não lembrava quando havia sido a última vez que conversara com alguém, todas as vezes que tinha um encontro, o silêncio imperava.

Porém esta noite era diferente. Esta noite iria encontrar um amigo de longa data. Já havia fugido de tantos encontros, nunca quis se sentar para tomar um café, estava sempre com pressa. Difícil encontrar mais pessoas nesse trabalho duro, raramente vira um mesmo rosto mais de uma vez - ainda que lembrasse de todos os que havia visto. Mas, como disse, esta noite era especial. Não estava procurando o amigo, este havia telefonado, convidado para passar um tempo, comer uns biscoitos e tomar um chá. Ele que havia procurado o encontro, o que deixava este muito agradável.

Quando bateu na porta, o anfitrião veio atender com um sorriso no rosto. "Entre, já estava atrasada. Faz tanto tempo". Foi retribuido com um sorriso, e desferiu um tapinha nas costas do manto negro. Conversaram por algumas horas, uma conversa divertida. Até que, então, chegou a hora de partir. E, curiosamente, desta vez o homem não tentou escapar, estendeu a mão e saiu junto com o convidado. Saíram os dois felizes, de mãos dadas. "Por que desta vez não tira o capuz?", e o pedido do velho amigo foi obedecido. Por debaixo do grande capuz, estava um rosto velho, cansado, mas incrivelmente lindo. Os dois se olharem por um momento, e continuaram andando, rindo, aproveitando cada momento.

Quando vivemos a vida intensamente e aproveitamos o máximo dela, a morte se torna apenas outra aventura, uma outra etapa a ser vencida, e fica extremamente linda aos olhos de quem a compreende.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Como Um Bom Vinho


Sempre achei que com o tempo as coisas melhoravam. Que o tempo fazia com que tudo amadurecesse, ficasse consistente, consequentemente menos doloroso. Infelizmente não foi assim. Quem sabe, foi só comigo.

Acontece que, sempre que me pego pensando no que foi vivido, voltam todas as lembranças boas, todas as alegrias, aquela coisa sem preço que eu sentia. Infelizmente, só de pensar nessas coisas, surge uma maré de tristeza, fazendo com que memórias horripilantes venham me caçar. E o pior é que sou presa fraca, facilmente abatida. Ainda mais sabendo que esses pensamentos são experientes: sabem atirar onde mais dói.

Nem que sejam por breves segundos, é como uma série de terror na minha mente, sendo assistida pela milésima vez, deixando você reparar cada vez mais nos detalhes, já que você não se apega nestes durante a primeira vez. E assim você enxerga que estava tudo na sua frente, tudo tão claro, e só você não conseguia ver. Na verdade, acho que não queria ver, era tão melhor viver na mentira. Abraços e beijos falsos, para quem nunca sentiu os verdadeiros, são como pão e água para quem tem fome, não possuem sabor nenhum mas suprem sua necessidade. Mas, pouco a pouco você se cansa. Você percebe. E chega uma hora que não dá mais pra fugir dos fatos, é inegável. É aí que fere o seu orgulho. Como pude ser tão bobo, como pude me entregar tanto, como pude não perceber... Como pude ser feliz?

Sempre achei que com o tempo as coisas melhoravam. E acho que eu sempre acabo achando errado. Meses se passaram, e ainda não me conformo. Não por ter perdido alguém que eu amava - este não merece tanta consideração assim -, mas por ter sido tão facilmente manipulado, tão frágil, por ter errado tanto. Mas, ao contrário do que pensam, meu coração despedaçado não ficou menor. Pelo contrário, aumentou em umas três vezes. Ainda não sarou... está inchado.

domingo, 5 de julho de 2009

O que te prende nesse mundo?

Por que diabos tudo ficou tão frio,
tudo ficou tão fraco, tudo ficou vazio?
Por que será que tudo ficou escuro,
tudo ficou distante, tudo é inseguro?

Por que é que eu não ouço nada
quando eu preciso de uma voz conhecida?
E, por que é que essa estrada
cheia de falhas é chamada vida?

Por que é que os dias meus
Não voltam a ser como antes?
Sem lágrimas, sem adeus,
Sem essa dor e medo, tão constantes.

E, por que, eu me pergunto,
Se não há nenhum encanto,
Para reviver este defunto?
O que é que eu espero tanto?

sábado, 4 de julho de 2009

Luzes Apagadas


Quando eu era menor, confesso que tinha medo do escuro. Medo de haver alguma coisa a qual eu não pudesse ver, que viesse me fazer algum mal. Medo de as coisas sairem do lugar, de haver alguém indesejável. Parecia que a escuridão me engolia, não me deixava sair, que tudo ficava sozinho, distante, que não havia saída. No escuro, todos os meus medos ganhavam força, eu era só uma criança indefesa, sozinha em um mundo desconhecido, um estranho, incapaz de lutar contra os habitantes das trevas, viventes do escuro, que sabiam se locomover, sabiam como chegar a mim. E que chances teria eu, sem saber como lutar, sem saber como fugir, em uma terra em que eu não conhecia os atalhos, não sabia encontrar as portas, estava encurralado.

E, todas as noites era a mesma coisa. Horrível se sentir sozinho e inútil, incapaz de sobreviver a sí mesmo, às coisas que eram frutos da minha própria cabeça, minha própria imaginação. Como poderia eu derrotar algo que vinha de dentro de mim, que convivia comigo? Simplesmente, passei a controlar os medos. Já que eu os criava, era seu senhor por natureza, podia ter o comando do que eu tanto temia.

Infelizmente, há dias em que os subordinados se voltam contra os comandantes, há vezes em que meus medos me vencem. Há dias em que as luzes se apagam, eu volto a me sentir sozinho, inútil, encurralado, sem forçar para controlar meus temores: estes já estão fortes demais. Porém, sempre há alguém que entrará no quarto e acenderá as luzes. Sempre existe alguém para iluminar as nossas vidas.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Arco Íris


Há dias em que eu me sinto triste, apenas isso. Dias em que há alguma coisa de errado que me deixa assim, ou as mesmas coisas de sempre, que insistem em não mudar. Em que eu não quero conversa, não quero carinho, só quero ficar triste em paz, sem ninguém pra atrapalhar.

Mas, há dias em que eu estou feliz, de um modo que nada podeira estragar essa felicidade, em que eu pareço irradiar alegria, e posso nem saber o motivo. Raros, mas acolhedores dias, em que estamos de bem com tudo.

Também há dias em que eu me sinto desanimado, desamparado, não triste, decepcionado. E isso é diferente de tristeza, é muito mais profundo. Deixa marcas, vai até o abismo da alma, aonde os risos não chegam, as gargalhadas não ecoam. Dias que parecem não ter fim, que parecem não ter cura.

Sem falar nos dias em que tenho raiva. Raiva de tudo, raiva de mim, raiva de você, raiva do mundo, raiva do que me faz sofrer tanto, raiva do que faz tudo tão errado, raiva de sentir raiva.

Em contrapartida, há dias em que eu amo, e é tão diferente, tão bom, me preenche de uma forma que eu não posso explicar. Tira a atenção, tira a tensão, me deixa leve, me deixa solto, me deixa de bem com tudo, apaixonadamente apaixonado.

Enfim, todos esses dias, me fazem sentir. É como um arco íris, uma variedade de cores que me fazem ter reações mil, que me fazem ser humano.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Maquiagem Diária

Algumas horas de sono antecedem o que cada dia se torna mais difícil de fazer: acordar. Não pelo fato de estar vivo, mas pelo fato de encarar mais um dia, de encarar todos os seus pensamentos, todas suas aflições, todos os seus medos. E essas horas de sono possuem a graciosidade do inconsciente, com imagens sortidas, situações aleatórias, que por mais bizarras que possam ser, parecem melhores do que as barreiras impostas pela consciência. Até quando vale a pena saber o que fazer, tomar decisões, encarar tudo de frente, como vivem pregando? Até onde aguentamos sem precisarmos de um ponto de fuga? Quantas milhas percorremos em uma estrada sem acostamento, antes de sofrermos um acidente pelo cansaço? Quantas noites serão gastas pensando no que não se gosta de pensar, e quantos dias serão perdidos ao se esperar por essas noites.

Enfim, temos poucas horas pra tomar o fôlego depois de quase nos afogarmos no dia anterior, para tentarmos novamente atravessar o oceano no dia que está chegando. Porque infelizmente eu não respondi as minhas dúvidas, não matei os meus anseios, não dei adeus para a tristeza. Aliás, esta veio tomar chá por algumas horas, e essas horas já se tornaram meses.

Mesmo assim, abrimos os olhos e passamos a maquiagem de todo o dia. Um pouco de base pra esconder as marcas visíveis, um batom que nos ajuda a desferir sorrisos dolorosos, e um lápis no olho, para disfarçar o olhar, que rápidamente entregaria tudo.

Beijos, eu prometo que esse Blog novo eu levo à sério. ;*