... a tristeza. E também a insatisfação. Porra, eu saí de casa querendo chutar as coisas, saí definitivamente puto. A minha vontade de sentar e chorar era enorme, mas é algo que eu não consigo fazer tão facilmente. Essa tua dificuldade em chutar o balde é a minha dificuldade de enchê-lo de lágrimas. Não sai assim. Eu não consigo adivinhar o que tu sentes e muito menos o que tu pensas. Nunca entendo se é algo que eu disse, que eu fiz, que te desagradou, pois nunca deixa tudo claro pra mim. E é isso que me derruba, não quero ter no meu currículo outros erros que te deixaram magoada. Juro que tento ser o mais compreensível possível, e sei que não sou o tipo de cara que é simples de entender, e menos ainda fácil de se aceitar, mas não podes negar que eu tento. Dos meus diversos defeitos, o orgulho sempre foi um dos maiores traços da personalidade, e não vai ser fácil vencê-lo. O que eu não quero é sair de casa pensando "puta que pariu, o que é que irritou ela tanto?", ou perguntando ao vento se fui eu quem te deixou assim, e se sim, o que foi que fez isso. Já está tudo tão frio, tão morto sem você, que quando o minimo de harmonia some, parece que a esperança se vai pra sempre. E o tabaco e o álcool vão vir, mais fortes do que tudo. Primeiro porque com eles vêm o retrato de como está o espírito: sujo, sem equilíbrio, tropeço e cheio de nauseas. Segundo porque é o que detestas. E é assim que eu tento dizer que estou abatido, irritando os outros. E, mais uma vez, não fiquei embriagado, o que vem se tornando comum, as doses de bebida insistem em me manter sóbrio. E o que me deixa mais depressivo é que não sei com exatidão o dia em que vou te ver, e que hoje a noite, vou dormir sozinho, sem você do meu lado; vou sonhar contigo, e vou estar louco pra chorar todas as lágrimas que estão trancadas atrás dos olhos. Eu preciso pegar o telefone e ouvir tua voz, mas sei que não vai atender, porque é madrugada e tens de acordar cedo. Sei que não vai vir. Sei que tudo parece querer soar mais trágico do que realmente é. E consegue.
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